Análise: Leviathan – Vol. 1

Reprodução.

Imagine entrar em um lugar abandonado por anos e encontrar nele anotações sobre os últimos dias habitados por seus moradores desaparecidos. Bom essa narrativa é bem real aqui em Leviathan, obra de Shiro Kuroi lançada originalmente em 2022, na França, pela editora Ki-oon e que chegou ao Brasil esse ano de 2024, pela editora JBC.

Neste primeiro volume do mangá, acompanhamos a história de três saqueadores espaciais que durante suas explorações entre o planeta Terra e a grande estrela Proxima Centauri, encontram uma nave abandonada e logo tratam de vasculhar a carcaça em busca de algo valioso mas encontram, logo de cara, o diário de um dos habitantes da nave. Enquanto um dos saqueadores lê o conteúdo do diário durante a expedição, a visão de uma inofensiva nave desaparecida e abandonada vai mudando pouco a pouco para os três.

Ki-Oon Editions / Divulgação

Indo direto ao ponto, Leviathan é um mangá promissor. Acompanhar neste primeiro volume, o mistério envolvendo o estado da nave abandonada e seus tripulantes é mergulhar em uma ficção científica jovial e que possui o magnetismo básico necessário para cativar até um fã de suspense com mais bagagem.

O mangá de Shiro Kuroi conta com um traço um pouco mais realista que agrega bastante no drama em que a história propõem nesse começo e nas expressões de seus personagens. O trabalho de colorização presente tanto na capa quanto nas páginas introdutórias da obra também são bem aplicados e compõem uma atmosfera envolvente para o começo de tudo.

Editora JBC / Divulgação.

Mas nem tudo são flores em Leviathan, sobretudo se você for um leitor experiente em ficções científicas e suspense. Quanto mais adentramos na narrativa da obra, mais percebemos o quão previsível o mangá pode ser a partir de algumas escolhas de narrativas, perfis de personagens e diálogos. Obviamente que para alguém que esteja no começo de sua jornada literária, a trama dos saqueadores e das crianças pode ser bem interessante. Mas para quem possui uma vida literária mais alimentada, percebe antes mesmo de chegar na metade da história, que o mangá será uma versão espacial de Battle Royale ou Jogos vorazes; e que a maior motivação para seguir até o próximo volume, será apenas a fofoca dos acontecimentos presentes no diário.

Editora JBC / Divulgação.

Ademais isso, o mangá possui pontos, no mínimo, duvidosos em seu design, como escolhas de elementos que comprometem a compreensão do nome do autor na capa da obra e uma diagramação que apresenta parte dos quadros com as artes cortados para além do considerado “artisticamente aceitável”, fazendo com que questionemos se tal escolha visual foi de fato proposital ou um erro de impressão.

Por fim, Leviathan se mostra como uma aquisição promissora para a JBC, o suspense do roteiro é satisfatório; a arte do autor é incrível e o vislumbre de uma trama política foi jogada no ar para quem quiser explorar. Resta saber se os próximos volumes vão desbravar esse universo ou vagar pelas fofocas da nave.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*