Análise: Kirby Air Riders — O caos como parte da diversão

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Logo no primeiro contato, Kirby Air Riders deixa claro que não está tentando ser mais um jogo de kart. Nada aqui remete ao estilo mais tradicional de títulos como Mario Kart World ou Sonic Crossworlds. Há algo diferente pulsando desde a abertura, um toque marcante, quase inconfundível, daquele que volta a assumir o volante criativo: Masahiro Sakurai. Você sente a “assinatura Sakurai” em cada curva, em cada efeito, em cada pedacinho de loucura organizada que o jogo despeja na tela. É um título vibrante, exageradamente colorido e carregado de ideias que se entrelaçam num ritmo delicioso. É como mergulhar em um turbilhão insano que, curiosamente, faz total sentido enquanto você joga. Não entendeu muito bem? Relaxa, é exatamente essa mistura de caos e harmonia que vou te explicar aqui.

Antes de falar dos modos de jogo, vale situar o mundo dessa aventura. Em Kirby Air Riders, retornamos a uma Dream Land reinterpretada como um playground colossal de velocidade, onde hoverboards, naves flutuantes e arenas vivas compõem um universo que parece sempre em movimento. Tudo é grande, energético, com criaturas e estruturas agindo quase como extensões da própria pista. Nada fica estático, cenários reagem, eventos aparecem sem aviso, máquinas surgem aos montes e a sensação é a de estar sempre prestes a descobrir algo inesperado.

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A partir do menu, o jogo já demonstra o tamanho de suas ambições. Uma variedade de modos te encara logo de cara, e a Auto Escola (sim, uma autoescola) funciona quase como um ritual obrigatório, já que Kirby Air Riders não controla como nenhum outro kart. É diferente, ousado e, ao mesmo tempo, surpreendentemente acessível depois que se pega o jeito.

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Mas o brilho real aparece quando entramos no modo Rali Rasante, o modo de corrida tradicional para até seis jogadores. Aqui, as pistas são variadas, rápidas e absolutamente recheadas de oportunidades de ganho de velocidade. Você não acelera, o jogo faz isso. Mas tudo o que você faz pode virar impulso, frear, planar, pousar com precisão, derrotar inimigos no percurso… tudo gera turbo. Tudo incentiva movimento. Tudo te joga para frente. É um sistema absurdamente satisfatório, acompanhado por uma trilha sonora empolgante que vibra no mesmo ritmo das curvas.

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O Modo Vista Aérea chama atenção pela mudança completa de perspectiva, quase como um autorama estilizado. É curioso, visualmente refrescante e oferece um entendimento diferente do trajeto, abrindo novas possibilidades estratégicas. Já a Prova Urbana faz jus ao espírito caótico do jogo: até 16 pilotos largados num mapa gigantesco, cinco minutos de completa bagunça para coletar upgrades, trocar de máquina, sobreviver a ataques alheios e a eventos aleatórios. É imprevisível, hilário e viciante.

Depois, temos o Pé na Estrada, o modo história, estruturado como uma longa reta progressiva, onde a cada trecho você escolhe um tipo de desafio, um Rali Rasante, um combate estilo arena, uma perseguição de rival, uma corrida de resistência e várias outras possibilidades. Cada escolha altera a experiência, enriquece a campanha e evita repetição. Ao final de cada desafio, você evolui atributos da sua máquina, turbo, velocidade máxima, curva, planeio, carga, e ainda encontra pontos especiais para comprar habilidades adicionais. A reta é pontuada por chefes, cada um com visual e padrão próprio, criando picos de desafio e dando mais vida ao mundo.

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Visualmente, Kirby Air Riders impressiona em cada pista, arena ou trajetória reta. O level design é extremamente criativo, com curvas bem posicionadas, rampas inteligentes, cenários dinâmicos e cores que praticamente saltam da tela. E para completar essa imersão frenética, a dublagem e localização surpreendem, vozes e textos funcionam muito bem em conjunto com o ritmo acelerado do jogo, parecendo totalmente integrados ao estilo rápido e animado da aventura. Há um cuidado evidente na forma como tudo foi traduzido, narrado e apresentado.

Ao final, Kirby Air Riders brilha como uma ótima e explosiva reinvenção da proposta original. É caótico, mas nunca incoerente, ousado, mas acolhedor, complexo, mas divertido desde o primeiro minuto. Ele tropeça ocasionalmente no equilíbrio, sobretudo em alguns modos mais caóticos, mas sua criatividade, sua personalidade e sua energia são simplesmente irresistíveis.

Nota: 9/10

Kirby Air Riders foi lançado em 20 de novembro e está disponível exclusivamente para Nintendo Switch 2.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*