Análise | Junji Ito: Histórias Macabras do Japão | Anime tenta fazer jus ao autor, mas fica pelo caminho

Netflix / DEEN / Reprodução

Junji Ito é, de longe, um dos maiores nomes da atualidade quando falamos de mangás que abordam a temática do horror em suas histórias e com uma identidade visual facilmente reconhecível. Suas conquistas impressionam e a qualidade de suas histórias são inquestionáveis. No entanto, Ito parece enfrentar com as animações uma maldição tão pesada quanto as entidades de seus mangás. Isso porque, após duas adaptações para animes, aonde os trabalhos desenvolvidos ficaram, no final das contas, muito abaixo do esperado pelos fãs do autor e do estilo de animação oriental, o cenário parece se repetir mais uma vez com a adaptação feita pela Netflix, o intitulado Junji Ito: Histórias Macabras do Japão lançado no último dia 19 de janeiro.

Netflix / Divulgação

Os vinte contos reunidos em 12 episódios na produção da líder dos streamings, são, realmente, uma verdadeira realização para os fãs do autor que sonham em ver algumas de suas histórias (ou todas) ganhando vida no meio das animações e mostrando, com mais detalhes, o desenrolar de suas narrativas. No entanto, após o primeiro choque de empolgação, não demora muito para que possamos notar que, mesmo a obra do autor célebre apresenta uma animação bastante medíocre, que se soma a ambientações razoáveis e um CGI duvidoso, para dizer o mínimo.

Muito do que na verdade acaba por salvar Histórias Macabras do Japão e evitar que ela seja um completo fracasso, acaba vindo do que o próprio Ito já nos deixa pré-preparado em seus mangás originais. A maneira como os personagens deixam de ser o foco principal para se transformarem em meros coadjuvantes do horror supremo e bizarro que permeia as histórias, as decisões completamente incoerentes (como ir de bom grado à casa de alguém que acabara de assumir que seguiu você) por parte dos personagens, momentos cômicos que terminam por deixar a história com um ar mais sórdido e a despreocupação em explicar a origem de qualquer coisa bizarra que aconteça ou apareça, leves conexões entre histórias e etc. Fatores que, sem a habilidade de Ito como mangaká e Kaoro Sawada responsável pelo script, não salvariam tão bem a produção em seus resultado final.

Netflix / Divulgação

Por fim, Junji Ito: Histórias Macabras do Japão vai da doce felicidade de ver grandes histórias ganhando vida ao azedo de encontrar uma abertura e tema desconexos em instantes. Se equilibra entre histórias empolgantes que, embora divertidas, são desenvolvidas em uma animação básica que, vez ou outra, tem a ousadia de tentar inovar (nem que seja apostando em um trabalho de coloração diferente entre os episódios). É fraco, porém um pouco mais polido do que as produções anteriores. Resta torcer para a próxima produção, a animação adaptada de Uzumaki, desenvolvida pela Production I.G (de Aoashi) ou ainda a recente participação de suas histórias na franquia Fortnite, consigam alcançar mais logros e assim, quebrar a maldição que rodea o autor. Tendo em vista que a adaptação de Uzumaki já fora atrasada com o intuito de refinar o seu resultado final, é possível que esse desejo esteja um pouco mais próximo de se concretizar.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*