Análise: Jojo’s Bizarre Adventure All Stars Battle R – Muita pancadaria e pouca história

Bandai Namco Entertainment / Reprodução

Hora de fazer sua melhor pose e descobrir se ao jogar Jojo’s Bizarre Adventure All Stars Battle R será capaz de manifestar seu stand para boas e longas horas de jogatina ou estará apenas a frente de mais um game genérico de animes cuja a existência é na verdade “inútil! inútil! inútil!”. Portanto, aproveite a leitura e confira o que achamos em mais uma review.

JOGABILIDADE

Antes de dissertarmos sobre a proposta do jogo, falemos um pouco sobre o que foi a obra que lhe deu origem: Jojo’s Bizarre Adventure é um mangá criado por Hirohiko Araki em 1987 que tem como proposta contar a história de indivíduos de diferentes gerações da família Joestar, cujos primeiros nomes sempre começam com “Jo” e que junto à primeira sílaba do sobrenome dá sentido a uma parte do título da série, onde cada Joestar acaba tendo que enfrentar ameaças diversas em meio a aventuras cercadas por eventos bizarros conforme o nome sugere e que já dura décadas de publicação no Japão, recebendo a adaptação animada que tornou a obra internacionalmente conhecida apenas em 2012, mesmo com algumas passagens esporádicas pelo mercado de OVA’s nas décadas de 90 e 2000.

À disposição dos jogadores, há os modos arcade, versus, história, galeria, treinamento e online e em quase todos cerca de 50 personagens com os mais variados estilos de luta que tornam o gameplay diferenciado a depender de qual deles é escolhido. No geral, personagens que fazem usos de stands (avatares criados por energia vital e poder de luta que ficam ao lado de seus portadores) costumam ser melhores para aqueles que queiram enfrentar oponentes em confrontos de média a longa distância, enquanto personagens que fazem uso de outros estilos podem ser melhores aproveitados a curta distância através da execução de combinações e sequências de golpes (combos).

Como muitos jogos de luta aqui há os comandos de ataques fraco, médio, forte e de esquiva assim como os especiais que podem ser desferidos com o comando de “meia lua” no analógico. Entre as técnicas especiais há uma que pode ser usada com o preenchimento de uma única barra e outra mais devastadora que faz uso de duas. Além disso, há aqui um bem executado comando de “assistência”, onde um personagem parceiro escolhido pelo jogador aparece na tela quebrando um combo adversário ou realizando um ataque durante os embates. Há também durante a partida eventos que são ativados ao se derrubar os oponentes em uma marca vermelha apontada no mapa que dá a possibilidade de fazer uma “finalização dramática” onde um confronto é finalizado com um poderoso especial de duas barras próximo a um local específico do cenário.

O modo online, que aqui aparece como uma novidade em relação à versão anterior do jogo, e foi executado de maneira estável e relativamente rápida para rastrear jogadores adversários nas poucas vezes em que foi testado.  Já no modo história, tal qual como no anime e no mangá, o game é dividido em arcos com protagonistas específicos, onde os jogadores enfrentam adversários que aparecem seguindo os eventos do mangá e também outras batalhas aleatórias onde personagens do arco atual onde o jogador se situa enfrenta oponentes vindos de partes diferentes do enredo, o que acaba servindo como fanservice para fãs de longa data da obra que podem ter um vislumbre de como poderiam ser as lutas caso ocorressem, sendo apelidada por jogadores como dream matches.

A cada combate realizado, uma chave é liberada para o confronto principal de um determinado arco de modo que são necessários ao menos 3 chaves para desbloquear tais embates. Durantes os duelos é possível também cumprir pré-requisitos que liberam conteúdos bônus como roupas extras, diálogos, provocações, músicas e etc. Cada disputa possui um nível próprio de dificuldade, estando as de fim de arco e as dream matches entre as mais desafiadoras, mesmo para jogadores habituados com a edição anterior. Há também a opção de usar vantagens para facilitar batalhas perdidas que possam estar dificultando o progresso do jogador, estando entre algumas delas defesa ou ataque ampliado, redução de pontos de vida do inimigo e barra de especial infinita. As vantagens podem ser adquiridas através das moedas obtidas durante a jogatina.

CRÍTICA

Ainda que o jogo disponha de um extenso glossário e cada elemento presente no jogo seja um verdadeiro deleite para qualquer fã da obra original, como o ícone do stand Metalica como loading ou mesmo o Abacchio na opção de teste de som (entendedores entenderão…) infelizmente, durante a experiência do jogo, é perceptível que o enredo é um tanto quanto mal desenvolvido, de modo que várias batalhas específicas contidas no “modo história” não são bem contextualizadas para jogadores minimamente ou nada familiarizados com a franquia, tornando o game uma porta de entrada pouco apropriada para aqueles que queiram descobrir e mergulhar de cabeça nas desventuras bizarras do clã Joestar, o que pode não ser um problema se o consumidor tiver interesse apenas em desfrutar do mínimo que um jogo focado em lutas pode oferecer, que é a pancadaria.

Outro ponto negativo é a falta de legendas em português, que até poderia ser relevada levando-se em consideração que o jogo trata-se de um relançamento em que nem no original havia, mas se a produtora teve o capricho de incluir novidades a mais, o que impediu de ao menos terem incluído legendas no idioma?

Ainda a respeito do game ser um relançamento, resta frisar que pode-se dizer que ele nem sequer foi disponibilizado completo, uma vez que na versão de 2013, 2 personagens (Diego/Dio Parte 7 com seu stand e Padre Pucci com made in heaven) simplesmente sumiram, podendo talvez reaparecerem como futuras DLCs, o que é um tanto quanto ridículo, se parar pra pensar que ainda que sejam apenas 2 versões estilizadas de personagens, agora os jogadores teriam que pagar por algo que na versão original estava lá incluso e disponível gratuitamente.

AVALIAÇÃO FINAL

No geral, mesmo com a demora para ser relançado, Jojo’S Bizarre Adventure All Stars Battle R veio até em um bom timing para fãs da série, visto que a parte 6 vem sendo disponibilizada na Netflix. No entanto, a sensação de que o jogo parece mais uma tentativa de lucrar com um produto reciclado e uma tentativa de apagar o problema que foi Jojo’s Bizarre Adventure Eyes of Heaven de 2016 não deixa de pairar no ar para quem teve contato com as incursões anteriores da franquia nos videogames.

Jojo’s Bizarre Adventure All Stars Battle R está disponível para as plataformas Nintendo Switch, PlayStation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S/X e PC via Microsoft Windows.

Por: Henrique Zanardi