Análise – IT: Bem-Vindos a Derry | Mostrando como se faz um bom desenvolvimento

No último domingo (14) foi exibido o final de temporada para IT: Bem-Vindos a Derry na HBO e HBO Max, série esta que serviu como um prequel de IT: A Coisa (2017). Sua história nos apresentou a entidade cósmica conhecida como Pennywise aterrorizando um novo grupo de crianças, em 1962.
Na análise escrita por este que vos fala sobre o primeiro episódio, cheguei a comentar que esta única aventura servia perfeitamente como um filme – por possuir um início, meio e fim deveras satisfatório e uma qualidade incrivelmente cinematográfica. Atualmente, eu percebo o quão bom prólogo ele foi, introduzindo a história de forma curiosa e instigando nossa curiosidade. O capítulo apresentou A Coisa para aqueles que não a conheciam e manteve aqueles que já sabiam sobre os filmes – e os livros.
A trama de verdade é iniciada em nossa segunda visita a pequena Derry.
Desta vez, as crianças não são amigas há anos. Lily é uma veterana da escola e conhecida por ter passado por um grande trauma ao perder o pai; Ronnie estava fora da escola por um período, após seu pai ser acusado do desaparecimento dos meninos do primeiro episódio; Will é um novato, recém chegado na cidade; Rich era alheio aos demais e Marge possuía amizade com Lily – mesmo com alguns percalços no caminho.

Mas não pense que isso trouxe um entrosamento ruim no grupo. O destino sempre dá um jeito de unir quem deve permanecer junto. As situações ocasionadas pela criatura uniram estes jovens, de uma forma que o telespectador nem percebe que eles se conhecem há apenas um mês. O tempo não corre na série, não é como se fossem meses vivenciando este caos, foram apenas algumas semanas. Eis a magia da amizade verdadeira. Tudo fluindo como uma onda no mar.
Outro fator diferente dos filmes é a importância dos adultos, pois aqui eles estão inseridos neste pânico e possuem conhecimento do Pennywise. O protagonismo contra o monstro permanece com as crianças, todavia, os mais velhos possuem relevância – seja para ajudar ou mesmo atrapalhar, como os militares. Muitos não simpatizaram com a subtrama dos fardados, entretanto, é inegável que eles foram importantes para o desenvolvimento desta história, principalmente em seu arco final.
Ao apresentar estas diferenças, não estou dizendo que Bem-Vindos a Derry é melhor que os dois filmes de Andy Muschietti. É verdade que o segundo ficou relativamente abaixo do primeiro, mas isso não o torna algo desagradável de assistir. Nenhum dos dois. Mas é preciso ressaltar que a produção televisiva possui um desenvolvimento melhor, mas é isso que ocorre quando se planeja uma série – foram praticamente 8 horas de conteúdo, contra 2h nos cinemas.

Para comprovar seu bom roteiro, mesmo com sua trama ocorrendo nos anos 1960, ainda tivemos a chance de visualizar ainda mais nos tempos passados: década de 30 e início do século XX. Os anos onde as próximas temporadas possivelmente ocorrerão. Graças aos povos originários, conhecemos mais sobre a origem da criatura, com uma explicação sobre sua chegada na Terra.
Os indígenas agem como aqueles que mantém a Coisa presa na área de Derry e contabilizam as perdas em cada novo ciclo de 27 anos. Para além de seu pouso em nosso planeta, nos é mostrado como ele adquire a alcunha de Pennywise, o Palhaço Dançarino – sua forma preferida para amedrontar as crianças da comunidade. Sim, vemos um pouco do Bobby Gray – e espero que mais dele seja explorado numa terceira temporada, que deve se passar no ano de 1908.
Acredito que você já tenha assistido ao último episódio mas, caso não, vem um spoiler a seguir.
Com esta narrativa envolvendo sua presença em décadas anteriores, foi uma ótima ideia inserir que o tempo para o monstro passa diferente do que o restante dos humanos. Ao mesmo tempo em que ele está vivenciando este período, o palhaço pode estar no futuro ou no passado. Dito isso, a revelação da Marge ser a mãe de Richie e o Pennywise desejar devorar a garota para impedir sua morte em 2016 foi uma adição interessante a trama.
Com isso, podemos imaginar que as temporadas seguintes mostrarão novamente algum antepassado do Clube dos Otários da década de 1980 – ou mesmo desta turma liderada por Lily – e mais uma tentativa da Coisa impedir seu assassinato no futuro.

Porém, teremos que esperar pelos novos episódios para descobrirmos isso. Detalhe que uma segunda temporada ainda não foi oficialmente renovada, mesmo com seus showrunners – Andy e Barbara Muschietti – falando com todas as letras que uma trilogia foi planejada para a história.
Nota: 10/10
IT: Bem-Vindos a Derry está disponível na HBO Max.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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