Análise | Hell’s Paradise | Anime é uma promessa para uma outra temporada

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Mais um especial no ar e seguindo as análises da última temporada de animes, é o momento de falarmos agora, deste que parece ser um dos queridinhos do público e que, não atoa, já conseguiu garantir sua continuação para uma próxima temporada. Estamos falando do fascinante Hell’s Paradise, produzido pelo estúdio MAPPA e que teve seu último episódio exibido pela Plataforma de animes Crunchyroll no início de julho.

MAPPA / Divulgação

E caso você não saiba sobre o que fala o anime, vale aqui uma pequena sinopse do que encontrar na trama: A história segue Gabimaru, um ninja imbatível que espera na prisão a chegada de um executor que seja capaz de matá-lo, pois ele quer acabar com tudo. Um dia revela-se ao ninja, a executora Yamada Asaemon Sagiri, que ao invés de matá-lo, decide oferecê-lo uma proposta para acompanhá-la a uma terra magicamente misteriosa e mortal para buscar o segredo da vida eterna desejado pelo shogun daquela região. Se o fizer, Gabimaru poderá ficar livre e viver feliz e em segurança com sua esposa.

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Não é difícil encontrar produções tenebrosas à la Tokyo Revengers que durante, depois ou mesmo antes de seus desfechos, são renovadas para uma próxima temporada e ocupam tempo de tela, produção e investimento de obras que poderiam ser bem mais rentáveis e bem sucedida do que elas. Felizmente, o caso de Hell’s Paradise consegue passa um pouco longe dessa métrica e se mostrar como uma dessas alternativas bem sucedidas. E tendo em vista, tanto sua produção original quanto as alterações feitas para o público brasileiro, sua segunda temporada tem tudo para ser um outro acerto.

A adaptação do mangá homônimo de Yuji Kaku trás logo em sua primeira cena uma visão com cabeças degoladas que manda um recado direto a seu espectador, dizendo que o tom desta produção será absolutamente brutal. E de fato, o gore das lutas e assassinatos são junto do mistério envolvendo parte da história, elementos que ou prenderão os fãs de tal recurso ou serão a barra que separa os fortes dos fracos de estômago.

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E no que diz respeito a sua animação, apesar de ser casa de obras igualmente violentas e bem animadas como Jujutsu Kaisen e Attack On Titan (4ª temporada), o estúdio MAPPA parece investir um esforço um pouco mais modesto em Hell’s Paradise. Mas não se engane, é uma animação bem feita, com trabalhos em frame regulares, lutas majoritariamente básicas em suas dinâmica e coreografias mas sem os altos jogos de câmeras, efeitos 3D suntuosos e movimentação mega fluida como em outras produções. Na verdade, a lista de profissionais creditados em sua animação é tão grande nesta obra, que muito provavelmente esse seja apenas um dos motivos  que agreguem na inconsistencia desta área no projeto. Ainda assim, o anime consegue se manter interessante e apresenta um dos melhores trabalhos em background e colorização já vistos nessa temporada, sobretudo quando a história é levada para a ambientação da ilha. Uma valorização bem sucedida tanto da própria locação quanto das criaturas de design intrigante que nela habitam.

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A qualidade da animação de seu número de abertura também é algo que chama a atenção positivamente. São cenas de batalha com movimentações frenéticas intercaladas com momentos em slow motion que apresentam pequenos instantes do passado de algum personagem ou de um habitante da ilha. Tudo aqui parece se encaixa muito bem com a música tema “Work” da pareceria entre a banda Millennium Parade e a solista Sheena Ringo. Diferentemente de seu número de encerramento, aonde vemos sob o tema de Uru “Kamihitoe” uma produção mais estática e melancólica, lembrando bastante alguns encerramentos de animes da década de 90. O trabalho de dublagem, apresentado na versão brasileira também é outro ponto positivo. Com direção de Erick Bougleux, vemos que a escalação de atores presente no projeto se mostrou muito eficiente e competente em interpretar seus devidos personagens sem que nenhum se mostrasse fora da proposta de atuação pedida em suas determinadas cenas, desconexas com idade aparente ou entonações exageradamente caricatas e enjoativas. Tudo aqui apresenta um equilíbrio eficaz durante a imersão do público em sua história.

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E por falar em história, no que compete a trama da primeira temporada, o anime constrói relativamente bem a narrativa carregada de mistérios a serem descobertos. Tudo é muito desconhecido e conforme os episódios passam, vemos que os segredos e armadilhas que se escondem em meio a uma beleza paradisíaca vão muito além dos da própria ilha. E a forma como alguns desses segredos acabam sendo revelados e eventualmente solucionados, exercem um considerável efeito de empolgação em continuar acompanhando mais do anime, ainda que algumas dessas soluções de roteiro, possam não agradar parte dos espectadores mais apegados a algum personagem.

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E embora a série deixe de aproveitar muitos personagens que acabam cativando nossa simpatia e que talvez agregassem numa segunda temporada, Hell’s é satisfatório ao entregar uma comédia pontual e arcos interessantes, como o de Sagiri, que pleita sua igualdade profissional enquanto mulher e executora; e Tenza, o garoto de rua rebelde que encontra um caminho a partir de um mestre com um passado traumático.

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Em suma, Hell’s Paradise, apesar de não ter altas produções em sua animação de batalha — salvo talvez o último confronto em seus dois episódios finais — ainda assim consegue construir tensão e ação com o pouco que lhe é dado. Resta aguardar sua segunda temporada para saber se essa mistura de Esquadrão Suicida com A Ilha Misteriosa e Samurai X, se firmará como um anime memorável quando seus mistérios forem revelados.

A primeira temporada de Hell’s Paradise conta com 13 episódios e está disponível no Brasil através do serviço de streaming Crunchyroll, com legendas em português e dublagem brasileira atualizada semanalmente pela plataforma.