Análise: Gundam Breaker 4: Meu Gundam, Minha Vida

Gundam Breaker 4
Reprodução

Ao se falar sobre o aspecto nipônico da cultura pop, o nome Gundam é com certeza um dos mais consolidados ao lado de outros baluartes como Ultraman, Kamen Rider e Super Sentai.

Idealizado no ano de 1979 por Yoshiyuki Tomino e Hajime Yatate (pseudônimo usado para designar a equipe criativa da Sunrise), o primeiro anime da franquia de robôs guerreiros da Bandai destacou-se entre o público japonês por trazer uma abordagem nova e até então única para o subgênero mecha em animes, ao apresentar uma estória onde ao invés de robôs com habilidades similares às de super heróis esses passaram agora a serem máquinas de combate pilotáveis que funcionam com base em conhecimentos científicos que regem também o mundo real, além de um elenco de personagens humanos multifacetados e carismáticos, os quais mocinhos não eram totalmente corretos e mesmo vilões não eram inteiramente malignos.

Com o sucesso, novas produções animadas foram aparecendo e com o aparente apelo comercial da empreitada, logo começaram a surgir nas lojas japonesas os primeiros produtos baseados em cada uma delas, especialmente nos robôs de visual chamativo que marcavam presença nos animes, nos mais variados estilos e faixas de preço. No entanto, em alguns mercados mundo afora, tais como o Brasil, Gundam e seus derivados jamais se tornaram o fenômeno pop ou comercial que impactou as estruturas de sua terra de origem.

E onde Gundam Breaker 4 entra em meio a tudo isso? Provavelmente naquela que é sua maior proposta: oferecer ao jogador ou mesmo ao fã de Gundam de menor poder aquisitivo um pouco do que consiste o hobby conhecido como Gunpla, onde entusiastas podem montar e remontar suas próprias miniaturas de mechas da forma que quiserem com o máximo de recursos à disposição, que em formato físico nem sempre podem ser adquiridos a preços módicos em sites e lojas especializados.

Mas será que o quarto jogo da série Gundam Breaker, que é inclusive o primeiro a chegar de forma oficial no ocidente, consegue democratizar e tornar a prática do Gunpla tão divertida quanto se propõe a seu público? Venha comigo para descobrirmos a seguir.

Todos se amarram em robôs gigantes

Bandai Namco / Divulgação

Embora a franquia Gundam se destaque em vários de seus animes por suas narrativas com foco em guerras, conflitos políticos e ficção científica com relativo grau de complexidade, marinheiros de primeira viagem não terão problema em compreender o modo estória de Gundam Breaker 4, que preza por apresentar ao menos uma parte do universo da franquia com bastante leveza e simplicidade, com uma ou outra referência aqui e ali para o deleite de fãs mais antigos.

No enredo, que se passa dentro do ambiente de um jogo online intitulado Gunpla Battle Blaze: Beyond Borders (abreviado no jogo como GBBBB ou ainda GB4 em uma auto referência ao título real do jogo), o jogador encarna um protagonista que não se comunica diretamente com os personagens com quem conversa durante a aventura, tal qual como Link em The Legend of Zelda ou Chrono em Chrono Trigger, e que está adentrando a prática do Gunpla em meio a uma comunidade virtual que reúne inúmeros aficionados por Gundam, usando logo de cara como seu avatar o modelo clássico do primeiro Gundam lá do anime clássico do fim dos anos 70.

A medida que o personagem controlado pelo jogador interage com NPCs e elementos no cenário, detalhes sobre como o jogo funciona são acrescentados à estória, possibilitando com que você faça seus primeiros companheiros virtuais de jogatina, monte um clã, saiba onde entrar em missões, fique informado de eventos através de mensagens de e-mails, conheça celebridades da comunidade fictícia de jogadores e até se envolva em uma pequena trama onde precisará impedir que indivíduos mal intencionados acabem com a diversão alheia de todos ao buscarem controlar a IA que rege o “metaverso” onde tudo acontece para propósitos obscuros, algo no melhor estilo Medabots ou Danball Senki/LBX de ser.

Bandai Namco / Divulgação

Os diálogos aqui são divididos entre textos contidos em blocos retangulares na tela com os rostos dos indivíduos humanos que controlam os mechas e áudios disponíveis em inglês ou japonês além de movimentações dos robôs em meio ao cenário, que por vezes curiosamente imitam trejeitos corporais humanos, os fazendo quase personagens e não meros aparatos virtuais que representam os jogadores em si.

Cabe destacar aqui como um ponto positivo a tradução integral para português brasileiro dos diálogos e menus, que tornam a experiência ainda mais fluida não só para jogadores veteranos como também novatos.

Monte sua própria experiência

Bandai Namco / Divulgação

Em termos de jogabilidade, Gundam Breaker 4 se destaca sobretudo pelas vastas possibilidades de personalização que oferece aos robôs utilizados pelo jogador.

Entre algumas das opções mais interessantes está desde a possibilidade de remontar alguns Gundams e mobile suits famosos vistos em animes da franquia até fazer robôs totalmente novos e únicos usando os mais diferentes tipos de peças oferecidas pelo vasto acervo do jogo, que podem inclusive terem cores e texturas alteradas à escolha do jogador, além de propriedades que podem trazer consideráveis diferenças nos confrontos, seja pelos modos online ou offline.

É possível também poder arquivar os modelos elaborados por você e alterar suas poses sob diferentes ângulos com a possibilidade de escolher cenários de fundo através de um “modo fotografia”, algo que com certeza irá agradar em cheio entusiastas de action figures em geral.

Um ponto que vale lembrar também é que peças como armas, braços, cabeças, escudos, rifles e etc. por aqui podem ser adquiridos para enriquecer sua coleção a princípio na lojinha, acessível através do cenário principal do jogo e com grana adquirida através da realização de missões ou mesmo como prêmios delas.

Bandai Namco / Divulgação

No entanto, uma outra forma de se adquirir peças para incrementar os robôs de combate dizem respeito diretamente à gameplay de batalha do jogo, onde ao se destruir robôs adversários e chefes durante as lutas, o jogador por vezes é recompensado com tais recursos em uma mecânica muito similar ao de jogos como God Eater e Monster Hunter.

Apesar de trazer disputas frenéticas, um enredo principal divertido, ainda que simplório e uma trilha sonora competente, embora não tão marcante, o jogo cai em um problema comum de alguns dos games que até aparenta ter como inspiração como a repetição de ritmo e ações além de um recurso de mira automático confuso e que nem sempre funciona como deveria durante os embates, que embora prejudique parte da execução não chega a invalidar os demais aspectos positivos que o produto final entrega.

Veredito

Bandai Namco / Divulgação

O 4º jogo da linha Gundam Breaker revela-se como uma excelente alternativa para não só tirar o gosto amargo proporcionado por antecessores como New Gundam Breaker do público de longa data da franquia como também para retomar métodos que já haviam dado certo em Gundam Breaker 3 e que uma nova comunidade inteira de potenciais jogadores deste lado do globo não puderam conferir com seus próprios olhos de forma oficial.

Se você for principalmente fã de Gundam e um dia já desejou aderir ao Gunpla, embora suas condições financeiras o limitassem, a aquisição de Gundam Breaker 4, seja por um preço cheio ou promocional, com certeza pode vir a ser uma alternativa bem mais interessante e talvez até sobretudo econômica a se fazer para começar com o hobby.

Mas para aqueles que um dia desejam ter seus primeiros contatos com Gundam e busquem sobretudo um jogo que proporcione algumas horas de diversão descompromissada, Gundam Breaker 4 não deixa também de ser uma boa indicação de jogo para se ficar de olho em períodos de promoções.

Gundam Breaker 4 está disponível para PlayStation 5 e 4, Nintendo Switch e PC (via Steam).

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*