Análise: Final Fantasy VII Rebirth – Um jogo para ser apreciado com calma e atenção

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A franquia Final Fantasy existe há quase quatro décadas e já passou por muitas fases, entre momentos de alta e de baixa. Ao apostar em trazer um de seus maiores sucessos para uma nova roupagem gráfica e contar sua história em três partes, a Square Enix ousa e arrisca podendo agradar seus fãs de longa data ou sofrer com críticas (muitas vezes pesadas) ao mexer com o que muitos acreditam ser uma obra prima intocável. Após jogar e concluir a história principal em quase 65 horas, apresento um texto feito principalmente para quem, assim como eu, não jogou a versão original lançada em 1997 para o PS1 ou não conhece a história por completo.

Cabe ressaltar que apesar de não conhecer a história completa, já havia jogado por cerca de 1 hora a versão de PS1 (muitos anos atrás, diga-se de passagem) e também pesquisei um pouco sobre o jogo original apenas para uma base de comparação. Portanto, encare essa análise como um texto feito por alguém que só agora está conhecendo mais a fundo a história de Final Fantasy VII.

ANÁLISE

Square Enix / Divulgação

Antes de tudo, faz-se necessário uma explicação para quem é mais casual e não entende quase nada de Final Fantasy (que daqui em diante será abreviado só por FF, como os fãs já estão acostumados). Apesar dos jogos serem numerados, cada FF é uma história fechada que não possui relação com seus antecessores, exceto aqueles que contam com continuações como por exemplo o FF XIII, que possui duas sequências diretas (o FF XIII-2 e o XIII Lightning Returns). Ou seja, você pode jogar o FF VII sem precisar ter jogado outro antes, porém, o Rebirth é uma continuação direta do Remake. Você até pode pular direto para o Rebirth pois o jogo oferece uma recapitulação do que ocorreu na primeira parte, mas a experiência não será a mesma (principalmente do ponto de vista de conhecer os personagens).

Feito essa explicação, sem mais enrolações vamos à parte principal desse texto que é analisar o game. E nesse ponto, preciso ir direto ao ponto e dizer: FF VII Rebirth é um dos melhores jogos lançados esse ano, e quem sabe até mesmo o GOTY (Game of the Year). Claro, ainda é cedo para afirmar isso, mas sem dúvidas o jogo brilha em tantas características que é inegável não cogitar ele como um possível candidato.

Rebirth é absurdamente lindo, tendo como principal destaque as cinemáticas. Há problemas com algumas texturas? Sim. Certos NPCs parecem estranhos? Também, mas nada disso tira o brilho do produto final e são problemas pontuais que dificilmente irão incomodar. Você vai perceber, por exemplo, que em curtas animações ao se comunicar com algum personagem a câmera fica muita próxima de um chão onde as pedras praticamente não possuem textura. Por outro lado, com a câmera mais afastada ou em mapas menores e/ou lineares, a beleza gráfica se faz presente. Os protagonistas também são um destaque a parte, ricos em detalhes e com expressões faciais elaboradas.

Rebirth difere do seu antecessor nas áreas a serem exploradas. Esqueça o modelo de corredores e mais corredores, essa continuação oferece diversas áreas extensas que você pode explorar a vontade. Logo no começo, a sensação de liberdade é grande e a vontade de ver tudo que tinha ali me fez perder horas e horas cumprindo todas as missões secundárias e pequenos objetos que estavam disponíveis. Ao avançar na história e liberar novas áreas, começa a aparecer aquelas repetições típicas de jogos de mundo aberto.

Square Enix / Divulgação

Apesar da repetição, pode-se ter acesso a muito (assim mesmo, em caixa alta) desafios e mini games dos mais diversos tipos. Por sinal, foram tantos que, em alguns momentos, a quantidade até parecia um exagero, mas pela maioria ser opcional, diria que ficou no limite do excessivo. E embora não seja um RPG de turnos, como a versão original, o combate focado em ação exige do jogador um pouco de calma e estratégia. Não basta ficar apertando quadrado com o mesmo personagem, é necessário saber usar toda sua equipe e explorar as fraquezas dos inimigos.

Ter noção de como montar o seu grupo (sendo agora possível você deixar 3 times prontos e trocar entre eles de forma rápida antes de um combate), reforçar os membros com as melhores matérias (itens importantes no universo do jogo e que permitem usar magias, técnicas ou apenas melhorar seus atributos), com as melhores armas e acessórios, é importante para não lidar com grandes empecilhos nos combates, principalmente contra os chefes (que são muitos). Também é interessante entender a nova mecânica de ataques sincronizados, onde conforme um personagem evolui torna-se viável a realização de técnicas especiais em duplas.

As mecânicas da primeira parte estão presentes, assim como as invocações que aparecem com novas opções e com objetivos espalhados pelo mapa que ajudam a obter o poder máximo de cada uma delas. As missões secundárias estão presentes para aumentar ainda mais o tempo de gameplay. Cheguei a fazer algumas, principalmente na parte inicial e achei bem mais intrigantes e mais profundas que as realizadas na primeira parte. Obviamente, algumas costumam ser simples, com o jogador, muitas vezes tendo que ir de um ponto A até um ponto B, cumprir um objetivo e retornar ao lugar de partida, mas em termos de narrativa, notei uma considerável evolução em comparação ao jogo antecessor.

A estória é o grande ponto chave aqui, como alguém que não conhece a versão original, não posso julgar se há diferenças que prejudiquem ou melhorem, e não me entendam mal, optei por não ver essas diferenças para fazer este texto pensando em quem nunca jogou e quer conhecer esse jogo. Dito isso, o desenrolar dos acontecimentos é emocionante com muitos momentos emotivos e que desenvolvem cada um dos personagens, inclusive novos companheiros que aparecem nessa segunda parte. Se anteriormente o jogo girava em torno, principalmente, de Cloud, Barret, Tifa e Aerith, a continuação explora mais do que o dobro dessa quantidade, e todos aparecem com algum destaque. O que torna o cuidado com a origem e evolução dos personagens algo tão fabuloso e digno de elogios é o fato de que muitos jogos que apresentam um elenco vasto de personagens raramente conseguem dar a devida importância a cada um deles ao longo da progressão narrativa.

Por muitos pontos aqui citados, Final Fantasy VII Rebirth é um jogo para ser apreciado com calma e atenção. Se tivesse corrido para zerar e analisar, talvez a impressão seria de um jogo longo e até repetitivo. Mas apreciar aos poucos cada um dos enormes mapas, sempre avançando na história no tempo certo me faz crer que o jogo foi pensado em ser jogado assim. Portanto, curta essa viagem devagar, aprecie cada canto, não tenha pressa para terminar pois a longa jornada faz toda a experiência valer a pena.

Pontos Positivos:
Narrativa envolvente
Combates
Minigames de diferentes tipos
Personagens carismáticos e bem desenvolvidos

Pontos Negativos:
Alguns momentos esticados sem necessidade
Texturas problemáticas de alguns elementos

Final Fantasy Rebirth está disponível para PlayStation 5. Para fins de análise, foi utilizada a versão cedida pela Square Enix.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*