Análise: Exoprimal – o novo jogo multiplayer da Capcom

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Nos últimos anos, a Capcom tem se apoiado em sequências de várias de suas franquias mais badaladas, tais como Resident Evil, Street Fighter e Monster Hunter, tendo com isso obtido um sucesso assegurado pelo peso que tais marcas carregam ao longo de vários anos. Agora, a desenvolvedora resolveu arriscar aventurando-se com em uma nova IP que tem como foco principal o multiplayer: Exoprimal. Mas será que esse “tiro no escuro” trouxe à empresa um bom acerto? É o que será analisado a seguir.

Conhecendo Exoprimal

Exoprimal trata-se de um jogo online de ação em equipe que oferece aos jogadores partidas onde eles tem a oportunidade de eliminar juntos milhares de dinossauros que ameaçam a segurança da população do planeta. O game se passa num futuro entre os anos 2040 e 2043 onde a humanidade encontra-se no meio de um cenário afetado pelo misterioso retorno dos grandes répteis pré-históricos. Para lidar com a ameaça, a organização Aibius desenvolveu o Leviatã, uma inteligência artificial (I.A.) desenvolvida para identificar locais onde as criaturas irão fazer suas aparições. Além do auxílio do Leviatã, armaduras tecnológicas com diferentes habilidades batizadas de “Exotrajes” foram desenvolvidos a fim de permitir que seres humanos conhecidos como “exocombatentes” possam enfrentar e destruir seus potenciais predadores.

Usando um personagem customizado logo no início da aventura, o jogador assume o papel de Ace, um exocombatente novato que cai junto a uma equipe na estranha ilha de Bikitoa, onde aos poucos começará a compreender melhor os mistérios por trás do Leviatã e a sua própria relação com o local.

Apesar desse plano de fundo que sugere uma história mais complexa a ser desenvolvida, Exoprimal foca-se mesmo é em partidas online multiplayer com elementos do subgênero conhecido como hero shooter. As disputas são sempre com dois times formados por 5 jogadores onde a equipe que superar os desafios propostos primeiro ganha. Cada jogador pode escolher 1 dos 10 trajes disponíveis e alterar ao longo da partida quantas vezes considerar necessário.

Gameplay

Ao começar a jogar Exoprimal, a primeira sensação é a de jogar um Overwatch cuja ênfase é liquidar exércitos de inimigos controlados por IA enquanto são cumpridos alguns objetivos específicos. Talvez citar League of Legends seja até mais apropriado, mas em momento algum o jogo se propõe a ser um MOBA. A comparação aqui é restrita sobretudo a personagens (ou nesse caso, os trajes) com habilidades únicas, enfrentamento de hordas de oponentes, cumprimento de metas e, em alguns momentos, um embate direto entre jogadores.

Vale frisar aqui que mesmo com a comparação, não se deseja afirmar de maneira categórica aqui que Exoprimal copiou ou veio para suceder Overwatch ou League of Legends, e sim que ele talvez até se inspira em inúmeros pontos positivos dos jogos ao qual foi comparado. O destaque aqui vai para os Exotrajes, divididos em três classes com distintos conjuntos de habilidades: ataque, tanque e suporte.

No lançamento, o jogo conta com 4 exotrajes de ataque, sendo eles respectivamente:

  • Fuzileiro – Para combate a média distância
  • Zéfiro – Com foco em lutas de curta distância,
  • Bombardeiro –  Feito para causar dano alto em rivais
  • Pistoleira – Para executar ataques de longa distância

Entre os Exotrajes de defesa (os tankers do jogo), estão disponíveis 3 os quais são:

  • Muralha – Estruturado para provocar e segurar os inimigos
  • Krieger – Pensado para proteger a área e controlar turbas de inimigos através de sua metralhadora
  • Murasame – Articulado para defesa ágeis e contra ataques

Por fim, há o trio de Exotrajes de suporte onde marcam presença:

  • Curandeiro – Estruturado para cura por área ou proximidade e também atordoamento de adversários
  • Bruma –  Desenvolvido para movimentação aérea e capaz de efetuar disparos que podem curar ou causar dano por área de impacto
  • Nimbus – Capaz de alternar entre tiros críticos para causar dano em rivais ou curar aliados durante a batalha

Para trazer como exemplo, no ataque você pode escolher o “Fuzileiro”, personagem mais clássico de shooters em geral, devido à sua arma semelhante a um fuzil de assalto e com a possibilidade de mirar, lançar uma granada ou usar aquele bom e velho “soquinho” (embora o golpe seja no geral mais forte que isso, mas só a termos de comparação) ou então escolher o “Zéfiro”, focado em combate de curta distância e equipado com tonfas e artifícios para montar combos.

Entre outras opções que o jogo oferece há também um sistema de mods onde é possível personalizar cada exotraje com até 3 modificações que podem aumentar pontos de vida, diminuir tempos de recarga ou até aumentar a potência de dano. Jogadores também poderão anexar ao menos um equipamento auxiliar para os confrontos que podem variar entre acessórios ofensivos como canhões a laser ou mesmo defensivos, como um escudo que protege de golpes.

Porém, se por um lado a variedade dos exotrajes é um ponto positivo, o mesmo não acontece com os personagens presentes no enredo. Não dá pra comentar sobre os personagens sem também comentar da história, onde sim, existe uma campanha que conta inclusive com cinemáticas embora o jogo se volte mais no geral para o multiplayer online mas é aí onde o jogo mais derrapa.

A escolha da Capcom foi por não fornecer um modo campanha separado, ou seja, basta você ir completando partidas que o roteiro avança de forma automática de modo que a cada partida concluída (vencendo ou perdendo) o jogador recebe arquivos com partes da narrativa que o jogo se propõe a trazer. Eventualmente, cinemáticas são desbloqueadas para avançá-la havendo também alguns pontos chaves onde partidas acontecem com relações diretas com o que é apresentado nos vídeos, como as que os grupos precisam unir forças para derrotar um chefe de fase.

São necessárias 55 partidas para completar a campanha do jogo, o que dá em torno de 15 a 20 horas dependendo do ritmo de jogatina, e após a conclusão a sensação que fica é a de que tanto faz a narrativa estar ali ou não. Mesmo o conteúdo geral do jogo não se destacar lá de forma 100% positiva. A oferta de modos de jogo é baixa, consistindo basicamente em estilos bem tradicionais de jogos do gênero sendo talvez o melhorzinho o de Sobrevivência Jurássica, que abrange partidas com diferentes objetivos que vão desde eliminar os dinossauros indicados até controlar a área ou proteger uma nave, e etc.  Não dá para não notar a falta de opções especialmente de modos offline, sem falar da falha grotesca da Capcom em simplesmente não lançar um jogo cheio de microtransações cosméticos e passes de batalha gratuitamente.

Capcom / Divulgação

Ao menos naquele que é o seu maior foco, pode-se cravar aqui que as partidas online funcionaram sem problemas e encontrá-las nos servidores até que é bem fácil, o que pode ser talvez mais um mérito do Game Pass do que do próprio jogo em si. Eventualmente bots substituem o comando de algum personagem quando jogadores perdem a conexão ou saem da partida no meio dela. Pode-se também dizer que os confrontos são no geral equilibrados não sendo presenciado nenhuma batalha onde uma equipe disparou tanto na frente que uma virada não fosse provável graças sobretudo a um sistema que oferece recursos que ajudam a manter as partidas niveladas.

Para citar como exemplo, pode haver o envio de um dinossauro comandado por um jogador para deter uma equipe que está à frente do placar ou mesmo a habilitação de inimigos mais poderosos para complicar um pouco a vida dos que se sentirem no conforto da liderança. Tal qual como todo jogo online atual, há passe de batalha, microtransações, dinheiro in-game e skins que podem ser obtidas ou como moedas do próprio jogo como subindo de nível para alcançá-las. A economia dentro do jogo também está bastante balanceada não sendo necessário dezenas de horas para conseguir uma das skins mais simples.

Mas afinal, vale a pena?

No começo eu citei que a Capcom tem feito sucesso com suas principais franquias e sinto que Exoprimal até possui altas qualidades para ser promissor. O gameplay de combate está bem feito, o online funciona sem grandes problemas, os exotrajes são divertidos e lutar com uma enxurrada de dinossauros com certeza é uma experiência incrível, mas a história é completamente irrelevante e a proposta trazida pela produção poderia ser melhor aplicada se o jogo fosse free to play.

Mas chega até a ser difícil recomendar pagar por esse produto, especialmente ao se observar uma decisão extremamente questionável (e bizarra) por parte da Capcom em mandar dublar algumas falas do Leviatã enquanto o áudio de todo o resto do jogo é mantido em inglês ao invés de deixar tudo apenas com legendas.

Se você tem acesso ao GamePass pode valer muito a pena testar sua habilidade em algumas partidas e avaliar se esse jogo irá capturar a sua atenção o suficiente ou não passará de mais um multiplayer em meio a tantos por aí em catálogos.

  • Pontos Positivos:
    • Exotrajes bem diferentes e interessantes
    • Gameplay fluido
    • Online funcionando sem problemas

 

  • Pontos Negativos:
    • Pouco conteúdo
    • História irrelevante
    • Personagens sem carisma

Exoprimal já está disponível para PlayStation 5 e 4, Xbox One, Xbox Series X|S e PC. Para fins de análise, foi utilizada a versão de PlayStation 5.

por Brian Barroso.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*