Análise: Entre Penas e Bicadas | A descoberta do herói que há dentro de si

Reprodução.

A China está realmente investindo em suas produções animadas, sejam elas feitas para a televisão ou para os cinemas, e mais uma destas animações está chegando ao Brasil agora em outubro. Distribuído pela A2 Filmes, o longa Entre Penas e Bicadas (GoldBeak) nos apresenta um projeto sobre uma velha rivalidade do mundo animal: águias vs. galinhas.

Com direção do irlandês Nigel W. Tierney (Cada Um Na Sua Casa) e Dong Long, o longa-metragem ainda conta com roteiro escrito por Robert N. Skir; Jeff Sloniker e Vivia Yoon. Com um time misto entre estrangeiros e chineses, esta produção não fica atrás de outros títulos mais hollywoodianos e consegue entregar uma boa história familiar.

Na trama, acompanhamos uma pequena cidade onde seus habitantes são compostos majoritariamente por galinhas. Uma destas, encontra um pequeno bebê águia em sua porta e decide tomar conta do mesmo. Obviamente, esta decisão incomoda os demais moradores, tendo em vista que estas grandes aves caçam e se alimentam das pequenas rechonchudas que não conseguem voar.

A2 Filmes / Divulgação

Porém, este fato de nosso mundo real não é mencionado no longa – afinal nesta realidade as aves convivem entre si, mas continua sendo uma verdade que as galinhas temem as águias nesta história. Muito provavelmente, por conta do tamanho e poder das mesmas, como se fossem parte de uma parcela mais nobre da sociedade e não por serem predadoras vorazes. Inclusive, este tópico sobre seres supostamente dignos e não dignos é explorado em outro momento.

Voltando ao bebê águia, sua mãe adotiva lhe deu o nome de Bico Dourado – que cresceu sendo um garoto obediente, bondoso e que sonha em voar pelos céus. Ao lado de sua irmã, Catraca, as vezes acabam causando algum tipo de confusão que poderiam ser tratadas apenas como traquinagem infantil, mas que se tornam motivo para muita dor de cabeça diante do temor da população com a espécie do jovem.

Após alguns anos, Bico acaba deixando seu lar e parte para Cidade Aviária – um metrópole que guarda segredos de seu passado e onde o mesmo conhece seu tio, o prefeito do local. Este novo cenário mostra uma enorme diferença do vilarejo onde o protagonista residia, introduzindo uma comunidade bem desenvolvida com carros voadores e outros dispositivos peculiares. Entretanto, eu me perguntei a todo momento o porquê deles precisarem de aviões ou carros voadores sendo que a população consegue voar. Detalhes.

A2 Filmes / Divulgação

É neste novo ambiente que Bico começa a florescer de uma forma diferente e inspirado pela memória de seu pai, o rapaz deseja fazer o bem. Porém, sua ingenuidade nem o faz desconfiar daquele que grita ser o vilão do projeto. Algo que é muito perceptível desde o primeiro momento e quem está acostumado com este tipo de história, vai saber identificar tranquilamente – não é o caso dele.

Nesta situação, os desenvolvedores poderiam ter sido mais complexos? Talvez, mas este filme possui menos de 2h de duração, então foi uma construção interessante utilizando-se do tempo e das ferramentas que possuíam. Mesmo com um vilão clichê, a trama caminha e apresenta um início, meio e fim tranquilamente. Um bom arroz com feijão.

Sobre o que comentei mais acima, a respeito de um dos tópicos do filme – os ‘dignos e não dignos’ – é um plot debatido justamente pelo vilão. Esta visão deturpada de mundo é o centro do último ato da animação, que ainda contém um bom discurso humanitário e que promove a igualdade entre todos.

De todo modo, Entre Penas e Bicadas entrega uma história simples mas que diverte e nos deixa conectados com estes personagens e seus dilemas pessoais. É interessante que mais produções asiáticas estejam chegando em nossos cinemas, para diversificar o cenário e apresentar outros pontos de vista.

Nota: 7/10

Agradecimentos a A2 Filmes pelo envio antecipado do material.

Entre Penas e Bicadas chega nesta quinta-feira (16) aos cinemas brasileiros.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*