
A franquia Dragon Quest é sinônimo de história viva nos videogames. Em 1986, Yuji Horii, Koichi Sugiyama e Akira Toriyama lançaram as bases de um gênero que segue em plena atividade. Os dois primeiros jogos foram os passos iniciais de uma franquia que, embora tenha demorado a ganhar força no Ocidente, no Japão se tornou um fenômeno social.
Com este remake, a Square Enix oferece a chance de revisitar este mundo com um tratamento visual e de jogabilidade o colocando no mesmo patamar de muitos jogos hoje em dia. E que prazer foi jogá-lo!
Desde o menu inicial, o jogo te dá a liberdade em começar pelo primeiro título ou pular direto para o segundo. Não há uma ordem obrigatória, mas é interessante segui-los cronologicamente para acompanhar todo o grau de evolução da saga.
Ambos se nutrem de Dragon Quest III, pois seus protagonistas são descendentes daquele herói lendário, fechando assim um ciclo narrativo que hoje percebemos como uma trilogia fundadora.

Aqui o estilo HD-2D volta a brilhar. A mistura do pixel art com cenários tridimensionais cria a sensação de estar diante de dioramas interativos. Cada vila, masmorra e castelo parecem trabalhos genuínos feitos à mão, com efeitos de luz e sombra que elevam a ambientação. Não se trata apenas de um “simples retrabalho”, mas uma reinterpretação dos originais.
DUAS HISTÓRIAS, DUAS PERSPECTIVAS
Dragon Quest I é um relato mais íntimo: um herói solitário que carrega o legado de Erdrick. Dragon Quest II, por sua vez, amplia a escala para a comunidade, o trabalho em equipe e a aventura em conjunto.
Ambos são variações do “caminho do herói”, mas cada um transmite sua própria visão de o que significa fazer parte de uma lenda.
O combate por turnos é simples de entender, mas com camadas de profundidade que permitem se expressar através das escolhas de cada jogador. Ele não busca brilhar por artifícios modernos, mas sim oferecer uma tela limpa onde a estratégia de um bom combate, a constância no nivelamento e a curiosidade na exploração são recompensadas. A progressão é clara, e cada vitória tem peso.

Em relação a trilha sonora, a composição sonora transmite heroísmo e aventura, combinando perfeitamente à arte de Akira Toriyama, enriquecendo e fortalecendo a riqueza de detalhes. Monstros, personagens secundários e cenários têm personalidade — impossível não se apegar a eles. A música, reinterpretada com arranjos sinfônicos, faz até as melodias repetitivas soarem icônicas.
Apesar das histórias serem simples, os NPCs estão escritos com tamanha naturalidade que cada encontro acrescenta algo. Seus diálogos leves, porém fundamentais, enriquecem a jornada e fazem o mundo se sentir vivo.
UMA TRILOGIA IMORTAL
Com este remake, Dragon Quest I, II e III ficam unidos em estilo visual e de jogabilidade coerente — mais atual, porém mantendo sua essência de antigamente. É a primeira vez que a trilogia fundadora pode ser aproveitada de forma tão acessível e atraente, tornando-se uma porta de entrada ideal para novos jogadores e uma celebração para os veteranos. Sua força está na simplicidade — mas essa mesma virtude pode ser vista como limitação por quem busca inovação constante.
CONCLUSÃO
Dragon Quest I+II HD-2D Remake é muito mais que um simples remake: é a oportunidade de explorar os primórdios de uma saga que definiu os JRPGs, agora com todas as comodidades modernas. A Square Enix alcança um equilíbrio excelente entre respeito ao legado e acessibilidade, entregando versões que parecem definitivas.
Ambos os jogos revolucionaram em sua época e hoje, graças a este remake, mantêm sua relevância intacta. São títulos que não só contam histórias heroicas, mas transmitem a própria essência do que significa embarcar numa aventura épica.
Dragon Quest I & II HD-2D Remake está disponível para PlayStation 5, Nintendo Switch e Switch 2, Xbox Series e PC (via Steam).
Autor: Gustavo Arten
*Agradecimentos a Square Enix pelo envio antecipado do material, em versão para PlayStation 5.
Nota: 9/10
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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