Análise – Double Dragon Revive: Um retorno decepcionante

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A franquia Double Dragon sempre despertou um sentimento especial entre os fãs de jogos antigos. Para muitos, ela remete à nostalgia dos tempos de Final Fight, no Super Nintendo e Mega Drive, com tardes intermináveis enfrentando inimigos e desafios quase impossíveis, acompanhadas por uma trilha sonora marcante. Mesmo sem conseguir avançar muito, a diversão estava garantida. Desde então, várias tentativas de revitalizar a série surgiram, com resultados variados. O mais recente exemplo bem-sucedido havia sido Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons, lançado há poucos anos, que trouxe uma abordagem moderna e um novo estilo visual à clássica pancadaria.

Por isso, havia um certo otimismo quando Double Dragon Revive foi anunciado. A expectativa era de um remake que mantivesse o ritmo das boas novidades recentes. No entanto, o jogo falha em praticamente todos os aspectos: não acrescenta nada de novo à série e tampouco resgata o que tornava os títulos originais tão legais.

Arc System Works / Divulgação

Como nos capítulos anteriores, os protagonistas são os irmãos Billy e Jimmy Lee, mestres em Sosetsuken, uma arte marcial perdida. Quando descobrem que sua amiga Marian foi sequestrada, partem em uma missão para resgatá-la e desvendar uma série de desaparecimentos que assolam a cidade. A narrativa é apenas um pano de fundo para justificar a ação, sem grandes surpresas ou profundidade.

O problema é que nem a ação, que deveria ser o ponto forte de um beat ’em up, convence. O combate de Double Dragon Revive é lento, impreciso e desanimador. Independentemente do personagem escolhido, são quatro no total, todos parecem se mover como se estivessem presos em areia movediça. A movimentação em 3D das fases é confusa, e a câmera, posicionada de forma pouco prática, dificulta o cálculo de distância e profundidade, tornando as lutas aleatórias e decepcionantes.

Os golpes também tem ausência de impacto. Em um jogo de luta, cada soco e chute precisa “pesar”, transmitir força. Aqui, tudo soa fraco e sem energia. Há um medidor especial que permite ataques devastadores, mas mesmo esses momentos, que deveriam ser empolgantes, acabam sendo frustrantes, o jogador vê apenas um inimigo sendo atingido, e, quando a câmera volta ao normal, todos os outros estão caídos no chão. É um efeito sem emoção, que tira o ânimo de realizar os golpes mais poderosos.

Arc System Works / Divulgação

Os chefes, outro elemento essencial do gênero, também decepcionam. No modo normal, a maioria pode ser derrotada simplesmente apertando os botões rapidamente. Já em algumas batalhas específicas, a dificuldade sobe de maneira absurda, não por causa da complexidade dos inimigos, mas porque o jogo enche a tela com grupos de ajudantes, tornando impossível reagir. Em certas lutas, o jogador pode ser cercado e imobilizado até perder toda a vida, uma experiência decepcionante e mal planejada.

Os cenários seguem a mesma linha de falta de criatividade. Há o clássico nível das ruas, o da ponte, o esgoto e o cassino, todos genéricos e previsíveis. Não são sequer cópias fiéis dos estágios do jogo original, o que reforça a sensação de que faltou inspiração. Fica evidente que o estúdio apenas quis cumprir uma lista de “temas obrigatórios”, sem ousar ou inovar.

Se há um ponto positivo em Double Dragon Revive, ele está na trilha sonora. A série sempre foi conhecida por suas músicas marcantes, e, neste aspecto, o novo título mantém o padrão. Algumas faixas realmente empolgam, especialmente o tema do estágio do cassino, uma batida envolvente e divertida que facilmente poderia integrar uma playlist pessoal. É um raro brilho em meio à monotonia.

A campanha principal pode ser concluída em cerca de três horas, e, após a primeira meia hora, o jogo praticamente já mostrou tudo o que tem a oferecer. O combate repetitivo, os chefes sem graça e os picos de dificuldade injustos tornam a experiência cansativa. Há modos extras e desafios com outros personagens, mas eles apenas reforçam os mesmos problemas da campanha.

Double Dragon Revive pode agradar a fãs extremamente dedicados do gênero, dispostos a perdoar seus defeitos por nostalgia. Mas, para a maioria, é uma tentativa mal executada de ressuscitar um ícone dos fliperamas, sem o charme, a energia ou a diversão que tornaram Double Dragon um clássico.

Nota: 6/10

Double Dragon Revive está disponível para PlayStation 5 e 4, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC.

*Análise realizada a partir de uma cópia do jogo enviada pela Arc System Works.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*