Artigo | Divertida Mente 2 e a importância de olhar para a própria saúde mental

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O assunto Saúde Mental tem ganhado cada vez mais holofotes pela mídia mundial desde o início dessa década, especialmente graças à pandemia que teve seu início e auge em 2020. No entanto, ao se focar especificamente no contexto brasileiro, a necessidade de discutir tal tópico torna-se ainda maior.

Isso porque o Brasil tem atualmente a população mais ansiosa do planeta e é detentor do título de país com maior prevalência de depressão entre as nações que constituem a América do Sul, e diante de tal cenário, a chegada e o alcance que Divertida Mente 2 vem tendo entre o público não poderia ser mais positivamente apropriada, uma vez que justamente em 2024 os índices de Transtornos de Ansiedade entre crianças e adolescentes superaram o de indivíduos adultos pela primeira vez em território nacional.

Disney / Pixar / Divulgação

Ainda que a sequência da animação da Pixar que entrou em cartaz no último dia 20 não tenha vindo ao mundo com a missão de reverter esse triste quadro, é importante frisar através dela a importância de se conseguir representar fenômenos abstratos como sentimentos e emoções através de mídias como animações, jogos e quadrinhos para que porventura, através de tais obras, mais pessoas possam conseguir ter associações que ajudem a conscientizarem-se de quando podem estar sofrendo ou em vias de adoecer e procurar ajuda, através de alguma noção de inteligência socioemocional.

Apesar da Ansiedade ganhar mais foco no longa do que as demais 3 emoções que ingressaram na mente de Riley, e isso talvez seja um fator a ser observado de forma mais crítica em relação a análise de aspectos técnicos de roteiro, o ponto mais positivo dessa lente de aumento seria a atenção que essa sensação em específico merece ao aparecer com mais frequência em nossa vida e os impactos que ela pode causar se não for corretamente administrada, especialmente em períodos de transição da experiência humana, como a adolescência.

Disney / Pixar / Divulgação

Vale também destacar que muitas obras ficcionais tem origem nas demandas e preocupações que permeiam seu tempo, além de muitas vezes serem parte dos elementos significativos que ajudam a manter pessoas seguindo adiante com a vida ainda que diante de uma realidade cheia de limitações, injustiças e principalmente maldade. Tanto que não é incomum se ver em certos espaços virtuais relatos de pessoas que graças à presença de certas produções de ficção em momentos críticos de sua vida encontraram alguma força para lidar de forma apropriada com períodos difíceis e angustiantes.

Disney / Pixar / Divulgação

Portanto, é preciso que cada vez mais as pessoas tenham acesso a meios de reconhecer o que sentem em complemento a informações e serviços de saúde para aos poucos conseguirem se compreender, fazerem as pazes consigo e buscarem formas assertivas para alcançar os objetivos e as relações que desejam para suas vidas sem que seja preciso para isso negligenciar emoções importantes, que embora possam ser desconfortáveis tem um papel a cumprir para cada um de nós. No fim, o importante além de se divertir e se distrair consumindo obras com as quais temos alguma identificação com a estória, é não sufocarmos nossas próprias emoções, a ponto de elas transbordarem em nós na forma de adoecimento.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*