Análise: Dispatch – Caos coordenado, escolhas difíceis e uma história que surpreende

Dispatch, novo jogo do estúdio AdHoc formado por ex-desenvolvedores da Telltale Games foi anunciado no The Game Aawards de 2024 e chamou minha atenção imediatamente. Uma mistura narrativa episódica, com humor de super-heróis e um sistema de gestão estratégica que lembra o estilo clássico da Telltale, mas com uma identidade própria. Aqui, assumimos o papel de Robert Robertson, o ex-herói Mechaman que atua nos bastidores como agente de despacho, coordenando uma equipe de supervilões reformados para enfrentar crises simultâneas em Los Angeles.

A narrativa é o ponto central da experiência, funcionando como um verdadeiro “Telltale evoluído”. As escolhas têm peso real, e não apenas aquelas que parecem grandes. Ao longo dos oito episódios, você se vê constantemente pressionado a tomar decisões em poucos segundos, enquanto escuta os personagens comentando a situação em tempo real. Vários momentos me deixaram tenso tentando acompanhar o diálogo e, ao mesmo tempo, decidir antes da contagem do prazo acabar (geralmente, são poucos segundos).
É impressionante como até escolhas que parecem pequenas acabam gerando consequências significativas mais tarde. Tudo te faz prestar atenção em cada detalhe e dá aquela sensação de carregar uma responsabilidade enorme nas mãos. No final de cada episódio, os créditos apresentam uma comparação das suas decisões com as dos outros jogadores em forma de porcentagem, reforçando ainda mais o sentimento de impacto e comunidade.

Mas Dispatch não vive só da narrativa, sua gameplay surpreende ao oferecer uma camada estratégica muito envolvente. Controlando Robert no centro de operações, vemos a mesma tela que ele vê, com uma interface repleta de chamados da sociedade e situações urgentes que precisam ser solucionadas. Cabe a você decidir qual supervilão enviar para cada missão, levando em conta as habilidades individuais de cada um. Flambae, Invisiva, Golpe Baixo, Malévola, Prisma, Coupé, Sonar e Golem formam a base da sua equipe no início, cada um com características e especializações próprias, e é possível criar sinergias enviando mais de um agente simultaneamente, o que aumenta a eficiência das operações. Além disso, há pontos de habilidade para evoluir seus personagens, tornando tudo ainda mais viciante e estratégico.

Durante essa dinâmica, o jogo ainda adiciona momentos de hackeamento que exigem reflexo, atenção e rapidez. Em muitos casos, você só tem três tentativas e o tempo é curto, criando uma adrenalina extra no meio de todo o caos operacional. Enquanto isso, os supervilões conversam entre si pelo comunicador, e cada um reage às crises de forma completamente diferente. É nesse ponto que as personalidades realmente brilham, gerando cenas divertidas, tensas e emocionantes, às vezes tudo ao mesmo tempo.
As atuações elevam ainda mais essas interações. Laura Bailey entrega uma Invisiva impecável, Matthew Mercer dá profundidade a Mortalha, e Aaron Paul, na pele de Robert Robertson, é simplesmente extraordinário. O peso emocional que ele coloca nas falas, a carga dramática e o domínio vocal transformam seu personagem no centro emocional de Dispatch. Não seria surpresa vê-lo indicado a Melhor Atuação no The Game Awards.

Mesmo em um ano cheio de grandes lançamentos, Dispatch conseguiu se destacar com folga. É um dos meus jogos favoritos do ano e acerta exatamente no que se propõe: uma experiência narrativa envolvente, com momentos de pressão extrema, estratégia inteligente, personagens memoráveis e escolhas que realmente importam. Para quem gosta de jogos focados em história e tomada de decisão, Dispatch é simplesmente indispensável.
Nota: 9,5
Dispatch foi lançado em 22 de outubro e está disponível para PlayStation 5 e PC (via Steam).
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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