Análise: Demon Slayer – Kimetsu no Yaiba: Castelo Infinito | Entre gore e flashbacks

O que Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z e Naruto têm em comum? Três animes que foram uma porta de entrada de uma parte considerável do público para o mundo dos animes.
No início de 2020, muita gente foi assistir a diversas produções nos streamings, seja por influência do desfecho de filmes como Vingadores: Ultimato nos cinemas ou pelo contexto de auge da pandemia. Dessa forma, as novas gerações foram redescobrindo os animes, e nesse embalo, muitos foram surpreendidos com a inesperada estreia da versão dublada de Demon Slayer (Kimetsu No Yaiba).
Conforme mencionei na análise de um produto derivado da franquia anterior, Demon Slayer não foi uma produção que particularmente chamou minha atenção, eu até tentei acompanhar, mas não consegui. Entretanto, em um contexto no melhor estilo “se você não vem até mim, eu vou até você”, fui encarregado de avaliar de perto Demon Slayer: Castelo Infinito, que entra em cartaz nesta quinta-feira (11) e dar minha opinião sobre.

A primeira coisa que posso destacar e que pode impressionar os espectadores é o visual, logo quando a animação começou, fui apresentado a imagens com tamanha qualidade gráfica que até achei que fossem de trechos específicos filmados em live-action, e algo que preciso apontar aqui é sobre como existem detalhes na versão animada que são tão impressionantes que até quem não é fã precisa reconhecer a qualidade.
Passado os minutos iniciais de deslumbramento, logo o filme leva a uma cena onde o protagonista, Tanjiro Kamado, aparece partindo para enfrentar o vilão Muzan, porém, logo cai em uma armadilha e o rapaz e seu grupo agora precisam explorar a dimensão conhecida como “Castelo Infinito” para um confronto definitivo com o nêmesis que influenciou o início de toda a sua jornada que foi vista na série até aqui.
No meio do caminho, onis subordinados a Muzan são encontrados pelo grupo de heróis, dando ao público embates em tela que – com certeza – trarão aquela empolgação que fãs mais velhos certamente experimentaram em algum momento de suas vidas quando assistiram pela TV as lutas sangrentas de Seiya “e os outros” subindo as 12 casas do Santuário para salvar Atena ou do Time Urameshi no Torneio das Trevas em Yu Yu Hakusho, uma comparação de sentimentos e sensações inevitáveis e comuns de outros diversos animes e mangás do gênero, mas que entretanto não deixa de ser ruim.

Um ponto a se criticar neste longa metragem é a quantidade excessiva de flashbacks, onde todos os personagens têm seus passados detalhados e duram muito tempo, como se precisassem o tempo inteiro explicar quem eles são para quem está indo ver algo de Demon Slayer só agora, e chega um momento em que toda essa informação pode simplesmente incomodar o espectador – tanto aos que já conhecem a história, quanto aqueles que estão sendo apresentados à saga de Tanjiro e Nezuko.
Só para você, leitor, ter uma ideia, há um personagem cuja lembrança consome praticamente 40 minutos de tela, e isso em um longa que conta com 3 horas de duração!
Demon Slayer: Castelo Infinito não é ainda um equivalente a Vingadores: Ultimato. Quem não estiver acostumado com a série pode considerar esse recurso algo bastante entediante ou até irritante, de maneira que certos detalhes poderiam ser um pouco mais enxutos, pois como já dizia o ditado, há momentos onde “menos é mais!”

Outro ponto a se comentar é sobre a classificação indicativa para maiores de 18 anos, talvez o assunto mais comentado sobre ele – além do próprio conteúdo que era esperado que fosse visto. O episódio chegou a me trazer lembranças da, distante, época em que o anime InuYasha foi censurado em sua exibição em TV aberta pela TV Globo, por considerar que a mera presença de manchas ou gotas de sangue em tela é um deliberado “incentivo à violência”.
Todavia, não nego que sim, a produção em certos momentos apresenta cenas um tanto quanto impactantes, com direitos a vísceras expostas e corpos dilacerados com closes minuciosamente detalhados, que parecem estar lá para querer impressionar espectadores de idade mais madura.
Eu não me importo e até sou favorável à liberdade de autores ou diretores de apresentarem algum conteúdo gore em mangás e animes, baseado no princípio em que acredito no qual a classificação etária nada mais é do que um meio-termo de liberação e/ou censura, onde qualquer expressão de uma manifestação artística até pode ser liberada, desde que o que é exposto não extrapole o nível de bom senso humano, especialmente a ponto de acionar gatilhos traumáticos ou deixar com que pessoas que tenham contato com a produção audiovisual fiquem em um profundo mal estar emocional ao estarem diante do que é apresentado.

Para concluir, eu diria que Demon Slayer: Castelo Infinito pode agradar muito pelo visual e pelas cenas de ação e violência extrema. Contudo, o excesso de flashbacks como recurso narrativo para deixar a história mais palpável para, quem de alguma forma não lembra claramente do que acompanhou até aqui, pode sim desagradar, atrapalhando um pouco a imersão do público naquilo que o filme oferece de melhor assim como a conexão com os personagens envolvidos presentes.
O que eu indico é que mesmo para quem nunca acompanhou a série de TV, pode ir assistir sem medo de sentir-se perdido e, se gostar, há episódios de sobra para poder se divertir e se situar no melhor no que acontece que leva até os eventos do longa, que definitivamente não tornou-se popular por um acaso.
Nota: 8/10
Demon Slayer: Castelo Infinito está em cartaz nos cinemas.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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