Análise | Barbie é uma carta de amor a todas as mulheres

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Chegou nesta quinta-feira (20) aos cinemas do mundo todo, o tão aguardado filme da Boneca mais famosa do mundo. Barbie despertou o interesse dos cinéfilos de plantão e fãs de cultura pop desde os seus primeiros boatos em 2018, aonde Amy Schumer (e logo depois Anne Hathaway) e Patty Jenkins seriam respectivamente a protagonista e a diretora. Mas foi só após o anúncio oficial, em 2019, aonde atriz, diretora e inclusive o estúdio responsável pelo projeto foram trocados pelos atuais, que se tornou apenas uma questão de tempo para que as massas tomassem conhecimento do projeto e levassem o nome da boneca da Mattel aos trend topics a cada nova informação ou foto dos bastidores divulgada. Agora com o filme em plena exibição, podemos finalmente dizer se tanta expectativa encima de um projeto com tantas reviravoltas valeu a pena.

E já indo diretamente para o final, sim! Barbie: faz jus a todo burburinho criado envolta do projeto e ao entusiasmo expressado pelo elenco envolvido — Que por sinal, é repleto de estrelas tanto da música, como dos cinemas e até luta livre. Margot Robbie está absolutamente confortável no papel de Barbie e navega muito bem entre o cômico, o dramático e as nuances entre estes dois estados, mostrando que sua entrega ao projeto está para além da tour de divulgação do filme aonde vimos uma dedicação admirável em replicar visuais clássicos em cada país que recebia a première do filme. Aqui, Robin nos faz embarcar em cada descoberta feita pela boneca. E ainda que algumas de suas cenas possam parecer um tanto quanto galhofas, nós ainda compramos a ideia e seguimos sem muitos incômodos na história.

Warner Bros. / Divulgação

Equiparadamente Ryan Gosling, também serve um Ken com o qual podemos nos simpatizar e rir tanto dele quanto com ele — ou nenhum dos dois — conforme o seu arco dá prosseguimento. Um destaque tão grande quanto o restante de suas outras versões e de sua parceira, que por mais números que possam parecer, marcam presença suficiente para que nos simpatizamos com eles também e façam diferença na história.

Warner Bros. / Divulgação

E por falar em história, o roteiro de Barbie é de uma simplicidade cômica deliciosa. O que para aqueles que andaram acompanhando seus rumores — e aqui uso esse argumento para não dar muitos Spoilers — poderão confirmar que muito do que se especulou da trama, pode ser visto aqui. No entanto, não se engane, ainda que muitos veículos e mesmo o próprio elenco, em algumas entrevistas possam ter cantando a bola do que seria a história de Barbie, o longa é potente em prender seu espectador com um texto que vai de falas “inocentes” mas completamente divertidas à monólogos sociológicos e diálogos comoventes. Os acontecimentos tem suas razões minimamente elaboradas, consequências apresentadas e desfechos minimamente coerentes (afinal, é a Barbie no mundo real).

Warner Bros. Divulgação

São piadas, referências e menções que vão desde a própria anatomia das bonecas e sua fabricante Mattel, perpassando pelo estúdio da Warner Bros. e seus filmes, a sociedade, a política, até sobrar para a própria Margot Robbie. Isso tudo envolvido em um ambiente lúdico de arquitetura encantadora e ambientações bem executadas (sobretudo na Barbieland) que conferem ao filme, um cenário perfeito para distribuir acenos a uma diversidade de assuntos relevantes do nosso dia a dia, sobretudo da vivência e perspectiva de uma mulher. Algo muito parecido com o que vimos em Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa — também tendo Margot Robbie como coprodutora — mas agora de uma maneira mais elaborada e abraçando todo o simbolismo carregado pela boneca da Mattel.

Warner Bros. / Divulgação

Por fim Barbie, é sim um ótimo filme. É para crianças (mas não principalmente), jovens e adultos. Mas sobretudo, é uma carta de amor a todas as mulheres que tiveram suas vidas atravessadas pela presença da Barbie, que buscam ainda hoje igualdade de tratamento, de direitos, de poder sobre suas próprias escolhas, de seus corpos e de seus destinos. A produção se vale de todo o simbolismo carregado pela criação de Ruth Handler e através de si próprio despeja mensagens valiosíssimas sobre como mulheres e suas necessidades precisam ser vistas e pensadas da maneira certa. Algumas destas mensagens são bem explícitas, outras são mais escondidas, algumas mais enfáticas, outras mais descontraídas. Mas todas necessárias e que buscam ser descobertas por homens e mulheres que busquem um mundo tão feliz quanto a Barbieland.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*