
Após uma série de jogos que ficaram abaixo das expectativas, a Ubisoft aposta todas suas fichas em um novo capítulo de uma de suas principais franquias. Assassin’s Creed Shadows chega com uma missão um tanto quanto complicada: agradar o público e ser sucesso de vendas. Após jogar por mais de 30 horas já é possível contar um pouco da minha experiência na recriação do Japão em seus últimos anos de feudalismo.
A HISTÓRIA
Assassin’s Creed Shadows se passa por volta de 1579, período esse em que Yasuke chega ao Japão acompanhando jesuítas e que chama atenção de Oda Nobunaga. Após servir como “moeda de troca”, Nobunaga transforma Yasuke em um samurai tornando-o um de seus principais soldados. Em paralelo, acompanhamos a história de Naoe, uma shinobi que vê suas terras sendo atacadas por Nobunaga. Naoe e Yasuke são os protagonistas desse jogo e oferecem duas abordagens distintas de gameplay.
Prepare-se para visitar locais históricos e presenciar diversas figuras marcantes da história do Japão. Sem entrar em muitos detalhes, até para evitar spoilers, Shadows mescla fatos historicamente reais com a criação da liga dos assassinos em terras japonesas. Parte fundamental da experiência de Assassin’s Creed são os encontros com figuras históricas ou até mesmo vivenciar alguns momentos e isso está presente em Shadows.
A SHINOBI
Naoe é uma shinobi e que apresenta em seu gameplay a pura essência dos Assassinos. Uma movimentação ágil e furtiva: a combinação perfeita para alcançar seus alvos e realizar um assassinato sem alertar ninguém. Ao jogar com Naoe, personagem que utilizei por mais tempo, a sensação obtida foi de um gameplay extremamente refinado e um dos melhores da franquia. O parkour utilizado pela personagem conta com novas movimentações, visualmente muito bem trabalhadas, que representam bem o estilo shinobi. Alguns problemas clássicos ainda existem, como ao realizar escaladas e o pulo não sair exatamente na direção que você esperava. São problemas bem pequenos e que, mesmo existindo, fica a sensação de uma melhora significativa em relação aos últimos jogos.
O SAMURAI
Yasuke é um samurai que apresenta em seu gameplay uma diferença significativamente grande em comparação com outros personagens que já marcaram presença na franquia. Esqueça movimentação ágil e furtiva: Yasuke é quase um tanque de terra que encara hordas de inimigos, utiliza ataques pesados e sofre pra fazer uma escalada, é até engraçado ele dando “pulinhos” tentando alcançar um telhado. Salto de fé? Ele até tenta, mas cai igual uma jaca do pé. Ele ainda conta com realizar assassinatos na “surdina”, mas que não são nada discretos.
GAMEPLAY
Assassin’s Creed Shadows segue a fórmula de RPG utilizada pelos jogos anteriores (exceto Mirage). Se você espera alguma mudança média ou grande, isso não ocorre aqui. Pelo contrário, a Ubisoft optou por aperfeiçoar ao invés de inovar. A estrutura básica vista em Origins, Odyssey e Valhalla estão mantidas.
Após um longo prólogo, você parte para a exploração onde elementos clássicos irão aparecer com frequência: pontos de sincronização, itens colecionáveis e um mergulho na história do Japão Feudal. O modelo RPG segue basicamente o mesmo: áreas do mapa separadas por níveis diferentes, equipamentos que aumentam seus atributos e ainda a possibilidade de criar seu esconderijo customizando estruturas e outros elementos. Honestamente, a criação do esconderijo não me chamou a atenção, fiz o básico que precisava e explorei brevemente a customização dos prédios.
A separação das áreas do mapa por níveis é uma maneira de forçar o jogador a explorar bem uma determinada área antes de avançar para uma outra. Apesar de quebrar um pouco o senso de liberdade que um mundo aberto tende a oferecer, narrativamente falando há um sentido nesse bloqueio. Lógico que você pode avançar para outros lugares, mas as chances de esbarrar em um inimigo que irá te derrotar em 1 segundo é grande.
Já a estrutura das missões também segue fórmulas passadas. Após uma parte inicial da história, que tende a ser um pouco mais linear, o jogo abre um quadro (extenso) com diversos objetivos entres o principal: eliminar um determinado grupo. Para evitar spoilers irei mencionar apenas isso pois o quadro só faz sentido após uma série de acontecimentos importantes.
GRÁFICOS
Com relação aos gráficos, o jogo oferece três modos nos consoles: qualidade, desempenho e equilibrado (modo exclusivo para telas 120hz). Pude testar o jogo, na maior parte do tempo, no Playstation 5 pro e experimentei os três modos. Acabei optando por jogar, na maior parte, o modo qualidade mesmo sacrificando uma taxa de quadro mais alta. Os efeitos de ray tracing maximizados pelo PS5pro são de encher os olhos e acabei me adaptando aos 30 quadros para explorar o mundo numa qualidade visual máxima. Também joguei por um tempo nos outros modos e pude perceber alguns problemas visuais devido ao PSSR. Bugs semelhantes aos que aconteceram no Avatar e Star Wars Outlaws, porém com uma intensidade muito menor.
Ainda consegui um tempinho para testar o jogo na versão base do PS5 e o jogo estava rodando muito bem em todos os três modos. Inevitável perceber que o modo desempenho tem uma redução gráfica considerável, mas que ainda sim mantém um visual lindo.
Também devo destacar o quão bem polido está o jogo. Em todo tempo testando não tive nenhum bug grave ou crash. Apenas bugs visuais ou de colisões como roupa atravessando o corpo do personagem, ou um único momento em que um inimigo ficou embaixo da terra. É até estranho dizer que é surpreendente um jogo da Ubisoft, já no lançamento com tão poucos problemas. Isso mostra que os adiamentos fizeram um bem mais do que necessário a esse jogo.

PROBLEMAS
Nem tudo é perfeito em Assasins’s Creed Shadows. Em algumas situações achei bem estranho a qualidade de algumas cenas em conjunto com a modelagem dos personagens. E é estranho por destoar completamente do jogo em si. Alguns momentos a transição da cena para o gameplay é tão perceptível que fica parecendo que faltou tempo para caprichar nelas.
Mas o que mais me incomodou foi a dublagem do jogo. Mudança na entonação dos nomes japoneses aconteceram diversas vezes. Em uma cena a pronúncia era totalmente diferente de outra cena. Isso me parece uma falha séria na direção da dublagem e uma pena que erros assim tenham passado. Vale destacar que o jogo conta com o modo imersivo que mantém o idioma original dos personagens.
VALE A PENA?
Em uma época onde os jogos custam um valor extremamente alto e que lançam incompletos e cheios de problemas, Assassin’s Creed Shadows se destaca como um jogo completo. Muito conteúdo para explorar que certamente fará cada centavo gasto valer a pena. Com um dos melhores visuais da série, e um dos jogos mais bonitos dos últimos tempos, será frequente parar e apreciar a paisagem. O jogo não é perfeito devido a algumas cenas estranhas que destoam de todo o restante e também é necessário destacar a dublagem que possui problemas na pronúncia dos nomes japoneses. Falhas pequenas que pesam apenas para não dar uma nota 10, mas que mesmo assim é um jogo extremamente recomendável.
Pontos Positivos:
- Narrativa
- Visuais impecáveis
- Combate diversificado e refinado
- Mundo rico e interessante
Pontos Negativos:
- Dublagem
- Algumas cenas com visual estranho
Nota: 9/10.
Assassin’s Creed Shadows tem lançamento marcado para o dia 20 deste mês e estará disponível nos consoles PlayStation 5, Xbox Series X|S além do PC.
Para fins de análise, foi utilizada a versão de PlayStation 5 do jogo, cedida pela Ubisoft Brasil.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*