Análise: As Leis de Lidia Poët – o que uma formação superior é capaz de oferecer

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A Netflix lançou no último dia 15 de fevereiro a série parcialmente baseada em fatos intitulada As Leis de Lidia Poët (The Law According to Lidia Poët), que trata da história ambientada no século 19 de uma advogada graduada, porém impedida de exercer sua profissão. Os motivos apresentados, resumidamente se tratavam pelo simples fato de ser mulher.

São apenas 6 episódios, mas que te fazem torcer a todo momento pela justiça que ela faz para si e pelos clientes que aparecem com causas praticamente perdidas, que de forma instigante, te envolve com dados e fatos que provam o contrário na maioria dos casos.

A atriz protagonista, Matilda De Angelis disse:

Sabemos muito pouco dessa mulher. Trabalhamos com a imaginação e empatia partindo das poucas informações. Busquei dar a ela o maior número de nuances possíveis, de também fazê-la frágil e falível

O resultado foi multifacetado, ou seja: além de lutar para se tornar a primeira advogada da Itália, ela se apropriou da função investigativa a tal ponto que nos leva a crer num encontro inusitado com Enola Holmes, pelas esquinas de Turin. Sem contar a questionável veracidade de época, para o uso de recursos como a coleta de impressões digitais e dispositivos detectores de mentira, que vieram para ficar e colaborar com o andamento dos casos judiciais a partir de então.

É de se pensar aqui também, na possibilidade de abordagem em aula, nas matérias da faculdade de Direito enquanto formanda, nas várias ferramentas complementares às leis, além dos estudos sobre a oratória ou mesmo teatralização presentes nas formações, interdisciplinar às Artes Visuais, por exemplo, dispostas a extrair a verdade, nada além da verdade, diante da fé e dos bons costumes, que estavam em fase de experimento ou readequação, por ser utilizada para outras finalidades anteriormente, mas que agora e por base científica comprovada, se fazem essenciais na busca de culpados e inocentes.

Na direção,a  dupla Letizia Lamartire (We’ll Be Young And Beautiful) e Matteo Rovere (Olhos Famintos 3), comentam sobre o enredo:

Essa série é um produto popular, que fala de temas atuais. A igualdade de gênero é ainda um objetivo distante. Lidia é uma personagem contemporânea que leva adiante um tema complexo

Netflix / Divulgação

Contando com um elenco de primeira, uma parte que estava ao lado de Ligia, principalmente nas cenas dentro da residência da Família Poët, é:

  • O jornalista Jacopo Barberis, interpretado por Eduardo Scarpetta, que ao longo da série vai apresentando sua verdade e envolvimento com a protagonista;
  • O advogado bem sucedido e irmão de Lidia, Enrico Poët, interpretado por Pier Luigi Pasino, que é um chefe de família respeitável e um profissional limitado;
  • A mulher de Enrico, Teresa Barberis interpretada por Sara Lazzaro, que faz o papel de uma mãe dedicada, porém contraditória quanto aos direitos da mulher;
  • E a sobrinha de Lidia, Mariana Poët, interpretada pela Sinéad Thornhill, que acaba de despertar para o amor.

Além deles, muitos outros personagens que aparecem em no mínimo 1 episódio são o motivo para fazer com que qualquer um inicie a série, a partir do julgamento pressuposto de cenas que levam a crer na causa perdida por Ligia.

Netflix / Divulgação

Uma série bastante envolvente e com pontas soltas, requerendo uma continuidade, a ponto de o espectador se por na condição de jus esperneandi, ou seja, o direito de espernear pedindo mais uma temporada para acompanhar as conquistas de Ligia Pöet em nome das mulheres, advogadas, investigadoras, defensoras das causas justas e afins.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*