Análise | Amedama | Uma aventura minimalista e sobrenatural

A Izanagi e a Acquire lançaram recentemente o jogo de ação e aventura Amedama. Esse sandbox com rolagem lateral 2D é protagonizado por Yushin, um jovem artesão de guarda-chuvas e prodígio na arte da esgrima Usetsu Tensei. Irmão e tutor da pequena Yui, são surpreendidos em seu ateliê por criminosos em um dia de chuva. Tal conflito que custou a vida de Yushin e o sequestro da Yui resultou em um evento inexplicável que relaciona vivos, mortos, almas e justiça.

Essa trama, que está apenas começando, se passa em Aihama no fim da era Edo e é apresentada com um olhar minimalista, uma licença poética surgida séculos depois voltado para o estritamente necessário que sustenta a vida, seja uma música, poesia, pouca quantidade de figurinos, utensílios e é visível até na maneira como o jogo foi desenhado em sua quantidade de pixels e com aparência de terrário ou mesmo maquete, sem deixar de dedicar o devido capricho. Já o quesito sobrenatural é o responsável por abrigar o restante da criatividade dos desenvolvedores a partir do momento em que alma do Yushin se desprende do próprio corpo e, por orientação de vozes etéreas, terá que enfrentar uma batalha incomum para salvar sua irmã em um prazo de 7 dias, antes de se desprender totalmente do mundo material.

A partir daí, a relação com os demais seres vivos dotados de alma se dá com a interpretação de serem meros receptáculos, incluindo sapos e cachorros, de acordo com a necessidade. Isso sem perder a própria essência de ambos os seres: Yushin, sempre com alma azul e o corpo possuído, que tem alma vermelha. É possível por em prática suas habilidades bem como se apropriar das que os demais possuem. Caso ocorra outra troca, o corpo anterior tem sua alma original de volta, mesmo que tenha aparentemente morrido em alguma batalha.

Tudo sem causar muita aflição ao jogador ou espectador que, imersivo ao jogo, interpreta sua jogabilidade robusta como um simulador de vida e com mecânicas que lembram aqueles jogos retrô, demakes antigos ou mesmo indie.

Muito do que é apresentado sobre jogabilidade acaba se assemelhando a um slideshow para explicar ou ativar funções de controle, incluindo o misty riposte, uma poderosa técnica de defesa seguida de contra ataque que requer bastante domínio, passível de sucessivas tentativas para derrotar o inimigo com o máximo de poder espiritual. Sem contar a possibilidade de escolher qual inimigo golpear impreterivelmente, além de se vale também do covarde ataque pelas costas, causando mais dano do que pela frente e ao vencer cada batalha o jogador conquista a elevação de nível junto aos pertences que os derrotados possuíam, úteis para enfrentar os próximos desafios ainda mais elevados, optando até por possuir seus corpos caso sejam mais fortes que os anteriores.

Aperte também o bom e velho pause para ver as demais informações úteis ao jogo indicando as condições dos personagens possuídos, linha do tempo, mapa, combinações de comida, lista de corpos possuídos, save point, enfim, um inventário completo para se ter uma noção exata do nível de exploração de jogo.

Os dias vão se passando e a saga de Yushin vai se confundindo com o cotidiano da região, entre eventos festivos e ações criminosas, encontrando poucos vestígios de sua irmã entre objetos pessoais e informações associadas ao sequestrador mascarado, entre tantos que frequentam um ponto de encontro, um castelo em ruínas invadido por eles.

Embora o jogo te induza para o caminho da próxima fase a superar, muitos dos demais caminhos estão abertos mas sem nada significativo para encontrar, mesmo que seja uma ação costumeira aos exploradores de jogos que querem fazer algo além do objetivo. Fica evidente a maneira como uma região fica em um período entre guerras, com seus moradores resistindo bravamente e com os seus sentimentos marcados por dias incessantes de chuva, desejo de justiça para que todos sigam seus destinos de corpo e alma.

Amedama está disponível exclusivamente para PC via Steam.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*