A História dos Animes no Brasil Parte 4: Futuro e os Streamings

ANMTV / Divulgação

Depois de três artigos em que falo do começo dos animes no Brasil, a sua decadência e sobre a TV por assinatura, eis que chegamos a parte 4 (e provavelmente a última) da série de artigos sobre “A História dos Animes no Brasil”, onde falarei sobre o futuro dos animes por aqui e como o Streaming se tornou, digamos, “a casa” oficial dos animes no Brasil. Lembro a vocês para deixarem seus comentários com sugestões e ideias para os próximos artigos; e se querem uma parte 5 desta série e sobre qual tema deveria ser abordado, beleza? E desde já, agradeço a todo apoio que vocês deram nos três artigos anteriores. Muito obrigado. Mas sem mais enrolação, vamos para mais uma análise.

Nos últimos 5 ou 6 anos, vivenciamos uma grande mudança no modo de assistirmos conteúdos na internet brasileira e no mundo. A chegada de serviços como a Netflix no mercado, proporcionou as pessoas a personalização de escolher o que assistir, quando e onde quiser, algo que se difere e muito da TV aberta, onde temos uma programação com as mesmas coisas, sem nenhuma alteração brusca que possa atender a este público novo e a TV por assinatura, que por mais que tenha muitas opções e ser segmentada de acordo com interesse dos assinantes, ainda sim, não proporcionou a praticidade e a mobilidade que os serviços possuem, pois como disse, você pode assistir quando e onde quiser e não precisa, necessariamente, de uma televisão para tal.

A grande característica dos streamings são a sua grande pluralidade de conteúdo, seja por possuir uma grande quantidade de obras, para atender a todos os públicos, seja destinado a um determinado público especificamente, o chamado público de nicho. E é justamente nesta parte que os animes entram. Com a grande escassez de animes na TV aberta e a súbita queda na TV por assinatura, o Streaming se tornou uma ótima válvula para a exibição desse tipo de conteúdo. A Netflix, por querer atingir a todos os públicos, principalmente o asiático com maior destaque para o japonês, começou a apostar em animes em seu catálogo. E a aposta se mostrou muito válida, e o feedback foi tão grande que ela, em 2014, co-produziu seu primeiro anime em conjunto com um estúdio japonês: Knights of Sidonia. Mas a receptividade não se deu somente pela chegada de animes no catálogo da gigante americana de streaming, mas sim pela localização e dublagem em português. Isso foi motivos de grande comemoração e aplausos por parte do grande fandom de animes aqui no Brasil, pois estávamos carente desse conteúdo por aqui.

Além disso, uma grande aposta feita pela Netflix foi Nanatsu No Taizai, que chegou em 2015 em seu catálogo e fez um grande sucesso com o público, não somente pela história mas também pelo ótimo trabalho feito pela dublagem, realizada no estúdio carioca Alcatéia. Com o grande sucesso de Nanatsu, outras obras foram sendo adquiridas pelo serviço, para expandir ainda mais este tipo de conteúdo. Entretanto, muitas escolhas nem sempre caem no gosto dos fãs, mas não no sentido de aquisição e sim no de dublagem. Em muitas delas, a qualidade ficou bem obsoleta e bem ruim se comparadas a outras, e isso resultou em muitas críticas por parte dos assinantes para com a plataforma. Para ficar por dentro do assunto, basta ler a um outro artigo aqui no site.

Em 2012, é lançado aqui no Brasil um serviço dedicado 100% ao público otaku e que faria “concorrência” com a Netflix no quesito de animes: a Crunchyroll. Isso foi um grande marco na época, já que o site era conhecido pelo público que frequentava fansubs na internet, mas por conta de bloqueios por região, muitos animes disponíveis por lá não poderiam ser assistido por nós brasileiros. Mas com a chegada oficial aqui no Brasil, esse problema acabou. E ter um grande catálogo vasto de animes, com legendas em português, foi um grande passo para a consolidação da Crunchyroll no Brasil. Porém, ainda faltava uma coisa que os fãs sempre pediram: a dublagem em português. E foi atendida, com uma leva de três animes dublados pela plataforma, porém assim como aconteceu com a Netflix em muitos casos, as escolhas de estúdios foram de uma qualidade ruim, para não dizer péssima. E isso foi alvo também de grandes críticas do público (apesar de algumas pessoas influentes passarem a mão na cabeça disso, mas isso não vem ao caso). Porém, diferentemente da Netflix, as críticas foram ouvidas pela Crunchyroll e os animes sequentes passaram a ser de boa qualidade e com dubladores de grande renome no cenário brasileiro. E isso atraiu mais o público para a plataforma.

Agora vocês devem estar se perguntando: “Mas Éder, e a pirataria? Eles não tiveram a sua importância? Vocês não vão falar da polêmica com a Crunchyroll?” Claro que vamos falar e na minha visão não há polêmica e serei breve e sucinto na resposta. Os sites de fansub e piratas de animes tiveram sua grande importância no mercado, principalmente pelo hiato do conteúdo licenciado que tivemos no Brasil. Eu já assisti muito conteúdo em sites piratas, porém em tempos de Netflix, Crunchyroll, Hidive e Amazon Prime Video, disponibilizando todo o tipo de produto para os usuários de maneira bastante acessiva e com preços muito mais em conta, não há desculpa para as pessoas não assinarem e terem esse serviço disponível para assistir. O grande problema é que as pessoas não pensam no macro e sim no micro. Se uma empresa paga para ter licença de determinados animes e investiu um dinheiro nele, ela está no direito de exigir que os sites retirem todo seu conteúdo de lá, até por que esses sites não pagaram para ter a licença de exibir esses animes. E ponto. Um outro ponto é que algumas pessoas falam: “Ah, mas é caro, eu não quero pagar.” Pois bem, as mesmas pessoas que acham o serviço caro, deveriam achar caro as saídas do final de semana. Deveriam achar caro comprar roupas. Deveriam achar caro adquirir um tênis. Acho isso uma hipocrisia muito grande. Só é caro aquilo que é menos importante para mim. Fala sério né.

É lógico que assinar todos os serviços de streaming que possuem o que lhe interessa pesaria no bolso, porém, a concorrência é uma grande aliada do mercado, uma vez que tendo isso, as empresas vão “brigar” para nos fornecer o melhor material possível e isso é ótimo para nós consumidores. Na minha visão, o futuro dos animes no Brasil está sim nos streamings, visto que é um mercado em franco crescimento e que possui preços acessíveis a todos. E isso é uma ótima notícia para todos nós que estávamos órfãos desse tipo de conteúdo. Estamos vivenciando um grande boom de animes por aqui, com muitas obras sendo dubladas, umas com grande qualidade e outras nem tanto, mas que ao ponto de vista mercadológico e de popularização, fazem seu trabalho muito bem.

Em 2018 a indústria japonesa nos proporcionou excelentes animações, e esperamos que 2019 seja tão grande quanto no ano passado.

*As opiniões expostas pelo autor do artigo não necessariamente refletem a opinião do ANMTV.