Walt Disney: o enterro de Mickey Mouse?

Você provavelmente não percebe neste momento o quão distante encontra-se a ideia atual do The Walt Disney Company, criado em 1923 pelos irmãos Roy e Walt Disney, da ideia original. Mickey Mouse, (ex) mascote da companhia, não é mais visto como o grande e vulnerável personagem como era em meados de sua criação, e surpreendentemente até não muito tempo atrás. Essa força do camundongo em meio ao público infantil perdurou por décadas, e será possível que sua imagem tenha se esgotado na entrada do século 21?



E por quê a nova fórmula dá certo?

Não podemos discutir aqui que a nova fórmula utilizada pela Disney hoje, não dê certo. Será possível que milhões e milhões de pessoas no mundo todo se enganaram ao comprar o ingresso para assistir High School Musical 3? Será possível que 10 milhões de americanos estavam apenas com a TV ligada por acaso no Disney Channel em um episódio de Hannah Montana? Mesmo com a quase morte de Mickey Mouse, ainda com suas tristes orelhinhas no logo do canal principal da companhia, a mesma consegue prestígio ($$) entre as crianças e adolescentes.

Mas afinal, se não é uma coincidência, um motivo deve existir para originar tanto sucesso. Músicas excitantes, histórias que tocam (impossíveis e que rodeiam a cabeça de várias meninas), um galã, coreografias exuberantes, uma mocinha (coitadinha) que derrota sua arqui-inimiga “paty” após ser humilhada e estraçalhada.

Grande parte do público se identifica com esses enredos, não há como negar. Além disso, um elemento fundamental e que embala todas as marcas, é a grande jogada de marketing, uma das poucas coisas (se não única) que restaram da original Disney, onde através de jogos, brinquedos, CDs, DVDs, roupas e etc., ajudam ainda mais na alienação pelas obras ($$).



Adaptações necessárias, cortes desnecessários, resultados

É claro que todo o conteúdo de sucesso e que sobrevive ao passar do tempo, deve receber tratamentos para enquadrar-se na realidade atual, ou seja, utilizar os recursos fornecidos pelas novidades da tecnologia a seu favor. A Disney o fez muito bem, mas infelizmente eles foram aplicados em algo recém criado, resultando na jogada para escanteio de grandes clássicos, que tanto fizeram sucesso no passado, e que certamente, com todas as ferramentas hoje disponíveis, apresentariam o mesmo retorno.

Perceba a audiência do Disney Channel nos Estados Unidos. Sua posição no ranking sempre foi a mais alta, até no ano passado quando se viu em grande crise, com suas maiores séries canceladas e telespectadores migrando para outro canal (Nickelodeon). Bob Esponja Calça Quadrada, definitivamente passou à frente do Mickey, e tudo indica que o camundongo fique cada vez mais para trás.



Essas séries chatas, eu quero é anime!

Frase muito usada nos comentários do ANMTV. Pelo fato de abrangermos animes, mangás, séries, filmes e outros conteúdos de televisão (mundos, de certa forma, diferentes), percebemos pessoas criticarem cada uma destas fontes de entretenimento. Os otakus, geralmente são os que mais tecem críticas às séries da Disney, como principalmente Hannah Montana, Sunny Entre Estrelas e Jonas.

A realidade é que muitas pessoas gostam (assim como otakus gostam de animes e mangás) de tais atrações. Quando disse a palavra “alienação” acima, ela pode valer para todos nós. A falta de interesse em “experimentar” algo novo, é uma das razões de existir este tipo de críticas. Já outra, é a metamorfose constante em que vive o psicológico dos jovens, onde alguém de 12 anos gosta de produções da Disney, no ano seguinte de Death Note e, repentinamente, odeia tudo isso, e começa a ouvir Restart.



A Disney e o futuro

Já foram anunciadas algumas novas produções para este ano dos estúdios Disney.  Segundo a própria companhia, sua linha de conteúdo deve aumentar cerca de 30% este ano, mesmo com várias de suas séries chegando ao fim. As apostas continuam em séries, como seu primeiro sitcom musical Madson High, Wasabi Warriors (produção do Disney XD) e A.N.T. Farm, além do já presente Shake it Up. Por enquanto, as novidades em animações ficam por conta somente de Gravity Falls e a nova temporada de Adolepeixes. No cinema, alguns filmes programados para estrear este ano são Carros 2, Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas, Winnie the Pooh e Frankenweenie.

Há uma dúvida quanto essa questão de diferentes gostos de gerações: quem pertenceu às antigas é que se acostumou com os sucessos de sua época e não consegue se adaptar aos atuais, ou realmente estamos em uma transação diferente em que produções não cativam mais da mesma forma como antes e as crianças se sentem mais atraídas por outras atividades que não seja a TV? Provavelmente as duas, de certa forma, ajudaram a chegar a nossa atual situação.

Há atrações e atrações, aquelas que perduram por muito tempo e outras que simplesmente cansam. Aí, entra o trabalho de seus criadores ou produtores, que, se amam seus personagens, farão com que eles vivam por muito tempo. O Mickey será sempre lembrado no mundo Disney, claro. Mas seu tempo de glória e centro das atenções não deve voltar. Quem viveu, viveu, quem não viveu, aproveite o que os novos tempos têm a oferecer.