O Crítico: Os Jovens Guerreiros Tatuados de Beverly Hills

Scorpius! Taurus! Centaurus! Apollooo!

Previsão: Meus nostálgicos amigos já devem estar com seus olhos transbordando em lágrimas e, provavelmente, já estão com os dedos no teclado para escrever aquele imenso comentário de agradecimento por fazê-los relembrarem de sua infância querida que nunca mais voltará.

Depois de um período em férias inauguro a temporada 2011 falando sobre uma coisa velha! Durante um período de ócio e, após assistir alguns vídeos eróticos de qualidade duvidosa, tive meu lado nostálgico aflorado, por algum motivo ainda desconhecido, o que me fez escrever sobre:

Tattooed Teenage Alien Fighters from Beverly Hills

Batizada no Brasil como “Os Jovens Guerreiros Tatuados de Beverly Hills”, essa série foi produzida entre 1994 e 1995 pela DIC Entertainment, e é uma antiga conhecida da geração de crianças da década de 90. Repleta de clichês, atuações medonhas e efeitos especiais produzidos pela equipe de Roberto Gomez Bolaños, os tatuados foram considerados um grande fracasso, tanto em repercussão, quanto em audiência. Porém, apesar de todos os contras, existem motivos singulares para recomendá-lo (até o final deste texto você descobrirá).

No começo da série somos apresentados a Gorganus, o grande vilão, sua intenção é dominar a Terra. Coincidentemente (ou não) o nosso planeta é o ponto central de uma rede de “Portais do Poder”, que podem ajudar muito na conquista da Galáxia. E então o que ele faz? Começa a mandar monstros para destruir os terráqueos e ter o controle total do nosso humilde planetinha.

Porém um cérebro alienígena gigante, Nimbar, está disposto a acabar com os planos maléficos do mal, e recruta quatro estudantes do ensino médio para que eles arrisquem suas vidas para proteger o planeta… E a galáxia! Utilizando um portal os jovens vão parar na base secreta do cérebro gosmento, este que com um toque de seu dedo lhes dá uma tatuagem (tatuagem em menores de 18 anos, sem o consentimento dos pais, isso na minha terra se chama “crime”). Porém, essas tatuagens não são comuns, pois além de serem super estilosas (aham ¬¬) elas: servem como alerta para quando um inimigo aparecer, abrem o portal para a base secreta, quando unidas fazem nossos heróis chegarem ao poder máximo, e desaparecem na presença de estranhos!!!

Nossos quatro jovens agora podem se transformar em “Sentinelas Galácticos”. Com roupas de lycra super sensuais, eles fazem acrobacias, saltam na frente dos inimigos e utilizam armas que soltam raios. Mas se nada disso adiantar, eles tem como último recurso unir suas tatuagens e se transformar no Nitron (uma armadura medieval), contudo, podem ficar nesta forma por pouco tempo, por isso só é usada em ocasiões extremas (praticamente todos os episódios).

Quando não estão em suas roupas apertadas de lutadores, nossos heróis ficam no Café da Tia da Drew (uma dos quatro protagonistas).

Com uma sinopse tão bem feita como essa, não é difícil imaginar o porquê da fama…

Sentinelas Galácticos

Diferente dos heróis japoneses, nosso quarteto é liderado por uma garota.

Scorpius (azul): Laurie Foster, líder do grupo, dentre os protagonistas ela é a mais centrada e… Normal. Utiliza como arma uma espada.

Taurus (preto): Gordon Henley, o típico riquinho medroso. Dentre os heróis é o único que durante vários momentos se recusou a ser um sentinela. Utiliza como arma um cajado.

Centauro (roxo): Drew Vicent, a garota durona que sempre lutou pra se dar bem na vida, ela trabalha no Café de sua tia. Sua arma é um machado.

Apolo (amarelo): Swinton Sawyer, o afro-descendente e nerd da turma (diferente de Power Rangers, os dois num mesmo personagem). Suas armas são duas lâminas.

Com baixo orçamento, e feita às pressas, a série foi exibida originalmente no canal USA, e surgiu para tentar emular o grande sucesso da primeira temporada de Power Rangers. Levada ao ar sempre às 18h das segundas, a série não conseguiu grande repercussão, mas acabou ganhando 40 episódios.

Pouco tempo depois de sua estreia, a série chegou ao Brasil, sendo apresentada por certa revista especializada como: “o novo Barrados no Baile” (WTF!?). Exibida inicialmente de uma forma diária pelo SBT, por volta do meio-dia, a série não vingou e logo foi tirada do ar, sem a exibição completa de seus episódios. Após algum tempo a emissora tentou reexibir nas tardes de sábado, nenhum êxito. Algum tempo depois era exibida antes do Sábado Animado, por volta das 5 da manhã, juntamente com Thunderbirds, dessa vez ficando mais tempo no ar. Como eu era um jovem com problemas de sono, consegui assistir a série nesse horário, porém muitos desconhecem tal exibição.

Curiosidades

– A tatuagem de Drew não é o símbolo do Centauro, mas sim de Sagitário. Da mesma forma, a tatuagem de Swinton não é o símbolo de Apolo, e sim de Aquário. Não se sabe ao certo o porquê das trocas dos símbolos, muitos acreditam que seja um erro de seus criadores.

– Assim como Power Rangers os jovens não podiam contar sobre sua identidade secreta, porém em certo episódio após ser interrogada por sua tia, por causa dos desaparecimentos rotineiros, Drew acabou confessando que era uma Sentinela Galáctica. Sua tia a levou a um psiquiatra.

– Em um episódio, o grande vilão da série tirou um dia de férias. Seus companheiros assumiram o seu lugar e decidiram acabar com a fórmula do “monstro do dia” e resolveram mandar mais de 1 monstro no mesmo dia.

– Em outro episódio Laurie foi ferida gravemente, tendo que ser substituída por Orion, um antigo sentinela que veio de um planeta destruído por Gorganus. Ele participa apenas desse episódio.

– Os atores não ganharam grande notoriedade após a exibição da série, e a maioria figurou em alguns filmes lançados entre o final da década de 90 e o começo do ano 2000. O único ator que continua na ativa é Rugg Williams, o Swinton (Apolo), atualmente ele está dirigindo um filme que tem seus dois filhos como protagonistas.

– A série chegou a ser  disponibilizada on line pela DIC nos Estados Unidos.

E porque merece ser assistida? Apesar de todos os contras (citados acima) a série foge um pouco da temática infantil dos tokusatsus, e traz personagens um pouco mais complexos. Uma curiosidade boa é o fato dos protagonistas não serem o exemplo de bons amigos, em vários momentos podemos ver que eles não gostam tanto de ficar juntos. Resumindo, os “Guerreiros Tatuados” tentou unir o típico sitcom adolescente americano com os heróis japoneses, o resultado, apesar de desastroso, é um programa único repleto de momentos que irão fazer você adorar e odiar estar assistindo. Esse motivo não te convence? Então vou deixar que os próprios tatuados te convençam: