Análise: Stranger Things – 2ª Temporada

Divulgação. © Netflix

Quando a primeira temporada de Stranger Things havia sido lançada pela Netflix, de fato o que atraiu o público foram as referências aos amados anos 80 e a inspiração em filmes como Conta Comigo e Goonies. Mas um fator crucial para o sucesso, era a forma como a história foi contada em apenas oito episódios. A narrativa era como uma teia, unindo o arco dos personagens, deixando a série prazerosa para maratonar os 8 episódios. Algo que parece não se repetir nesta segunda temporada, que ao invés de aproximar, resolve distanciar seus personagens, deixando este segundo ano da série um tanto quanto diferente.

Pois bem, a série não tem qualquer sutileza em partir para outro caminho nesta segunda temporada. Mike, Eleven, Dustin,Will e Lucas estão crescidos. Como o foco é distanciar os personagens ao máximo, a inocência e pureza acabam ficando para trás. O que podemos perceber é que, sim, as crianças de Stranger Things cresceram.

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O fantasma de Barb assombra o segundo ano da série e é justíficavél. Por ser uma ponta solta da série, a personagem acabou se tornando tão querida quanto os próprios protagonistas e sua morte afeta consideravelmente o arco de Nancy, que se culpa pelo desaparecimento da amiga, a ponto de esquecermos que ela algum dia já foi o estereótipo de garota perfeita e que cada vez mais, se sente apaixonada por Jonathan. O casal acaba protagonizando um arco próprio na temporada, deixando Steve completamente de lado, mas o inesperado mesmo é o ex namorado de Nancy, que ao deixar o estereótipo de babaca, acabou se tornando muito mais carismático do que o irmão mais velho de Will.

Mas não é apenas Nancy que se encontra em estado de revolta. Seu irmão, Mike, se sente perdido sem Eleven, com a sensação de que nunca a verá novamente. Devo dizer o quanto Finn Wolfhard está completamente apagado, trazendo um Mike crescido, menos carismático e desaforado, deixando o posto de protagonista para Gaten Matarazzo. O ator acaba se tornando a figura central do grupo e mostra que o extrovertido Dustin é o alívio para o drama de todos estes personagens da série. O garoto que, sempre esboçando um sorriso engraçado no rosto, protagoniza as cenas mais engraçadas da temporada, seja formando um trio amoroso com Lucas e a novata Max ou constituindo os melhores diálogos com Steve.

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Se no primero ano um dos pontos marcantes foi a relação entre Mike e Eleven, aqui os fãs do futuro casal mirim se sentirão frustrados. Durante toda a temporada eles estão afastados. Sob os cuidados de Jim (David Harbour continua excelente no papel), a menina se sente sozinha e com saudade dos amigos. Isso faz com que a personagem saia em busca de seu passado, descobrindo a existência de uma outra criança que também era cobaia das experiências do laboratório.

Ao contrário da garota, Kali é mais velha, usa seus poderes para cometer furtos e aparentemente se entregou de vez para o ódio. Todo o arco de Eleven destoa bastante do que a série representa e fica deslocado, apesar de ser justificável os roteiristas enxergarem que a menina deve enfrentar seus demônios, o sentimento que fica é de que talvez seja muito cedo para isso. Mas o pior é saber que esta história ainda não acabou.

Por mais que tenha uma queda em sua qualidade, o segundo ano de Stranger Things ainda contém o gostinho do primeiro. A sensação que fica no fim é a mesma da primeira temporada: a saudade. Afinal, temos que esperar mais um ano para voltar a Hawkins e também ver o quanto essas crianças estão crescendo.