Análise: Liga da Justiça

Divulgação. © Warner Bros.

Este texto contém spoilers moderados.

Os minutos iniciais de Liga da Justiça começam sem qualquer tipo de sutileza e não poderia ser diferente: Superman é filmado por uma criança no meio da rua, que lhe pergunta o que de melhor tem à humanidade. Silêncio.

Após Batman vs Superman, o clima dentro dos bastidores da Warner Bros não era dos melhores. O primeiro encontro entre os principais heróis da DC Comics não cumpriu com o prometido, já que crítica e bilheteria não correspondeu as expectativas. Todos pediam por uma mudança no tom e assim aconteceu: Liga da Justiça é um filme que vai entreter o público do início ao fim assim como qualquer filme da Marvel Studios, porém é necessário dizer que o que mais se destaca aqui é uma luz que consegue enfim ser vista no fim do túnel.

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Bruce Wayne reavaliou seus métodos extremos depois da morte do Superman. O vigilante de Gotham já sabe da inevitável invasão e ao lado de Mulher Maravilha/Diana Prince parte para recrutar desconhecidos para proteger o planeta, ou como conhecemos, Aquaman, Ciborgue e Flash. Os cinco heróis precisam deter o Lobo da Estepe, um alienígena que junto ao seu exército de parademônios pretende dominar tudo.

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Novamente a história é inchada e já era de se esperar, afinal, reunir todos estes heróis e ainda conseguir fazer a ressurreição do Superman ser algo memorável não seria uma tarefa fácil. Com a entrada de Joss Whedon na produção, o filme acabou eliminando boa parte de sua trama, recebendo cenas muito mais leves que o habitual, o que acarretou em cortes e transições de cenas muito destoantes uma das outras. O simbolismo e o niilismo que Snyder tanto pregava em cada frame de seus filmes é quase que nulo aqui, mas vale ressaltar que a introdução ao som de Everybody Knows, de Sigrid, é contagiante.

Os cinco heróis conseguem ser únicos e constroem uma relação de amizade muito crível. Mulher-Maravilha se destaca; Batman difere do vigilante que fomos apresentados no longa anterior; Ezra Miller consegue vestir o estereótipo do personagem cômico e leva isso ao quadrado em sua interpretação como Flash/Barry Allen. E por falar em estereótipo, porque não lembrar do Aquaman de Jason Momoa? O personagem beberrão que nem precisou estrear em tela pra já ser amado pelo grande público. E diferente de toda a equipe, temos o Ciborgue, que com sua história nada leve nos quadrinhos,se mantém fiel apesar do personagem sofrer com os cortes e adições de cenas, já que houve uma mudança na sua concepção durante o filme por decisão da produção.

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Lobo da Estepe consegue ser mais uma adição aos terríveis vilões que o DCEU tem nos proporcionado. Se o Lex Luthor de Jesse Eisenberge o Coringa de Jared Leto foram overactings terríveis, ao menos tiveram diálogos. A ameaça que a Liga deve combater é um vilão de CGI de péssima qualidade com uma dublagem nada sincronizada e com as falas mais clichês possíveis; soa até previsível utilizar este adjetivo mas se não for essa a palavra, diria coisas muito piores.

Diferente de Homem de Aço e Batman vs Superman, Liga da justiça consegue por alguns momentos fazer jus ao maior super-herói de todos. Apesar de Henry Cavill em algumas cenas sofrer com a computação gráfica pavorosa que tentou esconder seu bigode, seu Superman protagoniza as melhores cenas do longa, seja reencontrando as mulheres de sua vida (a cena do milharal com Lois e Martha com certeza entra para os melhores momentos do herói nos  cinemas), lutando contra a Liga da Justiça ou enfim com a inesquecível-porém desprezada pelos produtores da Warner — trilha de John Williams. Mesmo que por milésimos de segundos, o tema clássico é tocado.

Divulgação. © Warner Bros.

A sensação de sair da sessão de Liga da Justiça no fim das contas é muito satisfatória. Ainda há esperança com este universo e é possível ser um filme leve e ainda sim se distanciar do que a Marvel Studios tem feito. É notável que ver esses heróis fora das mãos de Zack Snyder nos traz um pequeno deslumbre de que a Liga da Justiça pode sim, vir a ser o que ela representa para o mundo inteiro e para qualquer pessoa que tem noção do que esses heróis já foram um dia.