Quando anunciaram a produção de A Sombra do Batman (Beware the Batman), não tive o menor interesse na série. Honestamente, estava cansado de ver animações do Homem-Morcego, afinal, já foram muitas e não faltam outros heróis de qualidade na DC, que muito bem poderiam ganhar mais espaço na TV.
A situação ainda piorava porque A Sombra do Batman vinha ocupar o espaço deixado por Lanterna Verde no DC Nation, bloco do Cartoon Network nos Estados Unidos. A série foi cancelada injustamente, assim como Justiça Jovem, e ainda tinha muito a oferecer.
Somando a este retrospecto, não sou o maior fã de séries animadas em CGI. No cinemas este estilo domina com excelência, impossível esquecer os filmes da Pixar e DreamWorks, mas na TV a história é outra. E como o Batman pede um cenário noturno, a expectativa era ainda menor.
Resumindo tudo, fui assistir A Sombra do Batman com as quatro pedras na mão. E a vontade de não gostar imperou no primeiro episódio, no entanto, já acendia uma vontade de ao menos dar uma nova chance. E essa chance ao longo dos episódios foi crescendo até se tornar ansiedade de saber o que acontece a seguir e assistir tudo numa maratona.
O episódio Caçados teve um ritmo um pouco lento e uma história rasa, mas no ponto para apresentar a ambientação e acostumar os olhos com o novo visual do herói, agora esguio e com orelhas mais pontudas.
A partir do terceiro episódio a série ganha mais ritmo e aposta na dinâmica entre Bruce Wayne, Tatsu Yamashiro e Alfred Pennyworth, que nesta versão deixa de ser um simples mordomo idoso e ganha mais importância na trama como guarda-costas. Na parte dos combates a parceria de Batman e Katana também funciona e rende bons momento. Um grande acerto, ao trazer algo de novo aos desenhos do Cavaleiro das Trevas.
A temida censura, que foi anunciada após uma tragédia numa sessão de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge nos Estados Unidos, não atrapalhou. A troca por armas mais cartunescas não afetou o desenvolvimento, mas pode ser notada que foi uma mudança de última hora.
As cenas de combate corpo a corpo estão lá, realmente machucando, mas espadas e facas nunca acertam ninguém, somente “dardos” ferem de raspão. Não há nada que impeça o Cartoon Network exibir a série no Brasil ou que faça jogar em horários pouco acessíveis. A Sombra do Batman faz jus a sua classificação indicativa livre.
A única parte que realmente incomoda são os cenários. Faltam detalhes e parece que a cidade de Gotham é deserta, sem ninguém nas ruas. A animação dos poucos figurantes que aparecem é limitada, muito nítida em uma cena onde as pessoas estão em bondinhos.
A Sombra do Batman não é a melhor série animada do Homem-Morcego, mas tem potencial de ser a mais bem trabalhada desde Batman do Futuro. Resta torcer que volte do hiato nos EUA, que segue desde outubro do ano passado e não tem prazo para terminar, e que seja renovada para uma nova temporada, apesar de não aparecer no Upfront do CN.
Quanto ao primeiro volume em DVD, intitulado Trevas de Gotham, o que se destaca é conter apenas 7 episódios, contra 13 da versão americana (divida em dois discos). Também não há legenda em português para a série, somente para os trailers, mas não que isso faça alguma falta. A dublagem segue o mesmo nível das demais animações da DC Comics, fazendo esquecer que existe a possibilidade de trocar para o áudio original.
A Warner Bros. novamente teve o cuidado de manter vozes conhecidas em outras produções, com Duda Ribeiro (Justiça Jovem, O Batman, Os Bravos e Destemidos) como Batman, Mauro Ramos (trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan) como James Gordon e Guilene Conte (O Batman, Justiça Jovem) como Barbara Gorgan. A voz de Júlio Chaves, que já interpretou Coringa e Pinguim em outras produções, combinou perfeitamente com o novo Alfred.
O ponto negativo é que cortaram a parte vocal da abertura, cantada pelo grupo feminino Dum Dum Girls, para poder ser narrado o título em português da série. O mesmo problema acontece na dublagem em espanhol.
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